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Itália/Moção de confiança

Por ampla maioria, Senado italiano renova confiança no governo Letta

Por ampla maioria, o Senado italiano renovou a confiança no governo do primeiro-ministro Enrico Letta. A crise política aberta no sábado, com a demissão de cinco ministros do partido do ex-premiê Silvio Berlusconi (foto), foi enterrada pelo próprio Berlusconi, que decidiu apoiar a coalizão no poder.  No final do dia os deputados seguiram a mesma linha e validaram o voto de confiança. 

O líder da centro-direita italiana, Silvio Berlusconi, recuou nesta quarta-feira da ameaça de tentar derrubar o governo.
O líder da centro-direita italiana, Silvio Berlusconi, recuou nesta quarta-feira da ameaça de tentar derrubar o governo. REUTERS/Tony Gentile
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Dos 307 senadores que participaram da votação, 235 foram favoráveis à moção de apoio ao governo e 70 votaram contra. A situação se desbloqueou quando em uma reviravolta típica do personagem, Berlusconi recomendou aos parlamentares de seu partido (PDL, Povo da Liberdade) que votassem a favor de Letta. Berlusconi também foi abandonado pelos aliados.

"Decidimos, depois de intenso debate interno, dar o voto de confiança no governo", disse Berlusconi. O ex-premiê de 77 anos justificou sua mudança de posição dizendo que havia sido convencido pelas promessas de Letta, incluindo a redução da carga fiscal sobre o trabalho, além de reformas econômicas e na justiça. "A Itália precisa de um governo capaz de fazer reformas", declarou Berlusconi, antes da votação crucial no Senado.

O breve discurso deixou os senadores pasmos. Atordoados com a guinada, eles ficaram mais de um minuto em silêncio. Letta, que estava no plenário, apertou a mão de Berlusconi em agradecimento.

Durante a manhã, o primeiro-ministro italiano pediu coragem aos senadores. Em um discurso que durou cerca de uma hora, Letta destacou a necessidade de estabilidade política para a credibilidade da terceira economia europeia. Segundo Letta, a crise de governo poderia ser fatal para a economia do país. A Itália está se recuperando, garantiu o premiê, que trabalha com uma taxa de crescimento de 1% em 2014. Letta disse que o voto de confiança não seria contra ninguém e sim a favor dos italianos.

Capitulação marca o fim de Berlusconi, diz imprensa italiana

Esta crise foi um bumerangue para Berlusconi e acabou rachando o PDL. Berlusconi foi condenado a um ano de prisão domiciliar por fraude fiscal e poderá ter seu mandato de senador cassado.

Comentaristas políticos italianos estimam que o alinhamento forçado de Berlusconi ao governo Letta marca o fim de um sistema digno de um imperador. "Todo um mundo desaba", escreveu o jornal La Repubblica logo após a votação do Senado.

O símbolo mais forte da perda de influência de Berlusconi foi a atitude do vice-primeiro ministro Angelino Alfano, também ministro do Interior. Aliado histórico de Berlusconi, este advogado siciliano de 42 anos editou várias leis para proteger seu mentor nos tribunais, quando foi ministro da Justiça de Berlusconi. Porém, nessa crise política, Alfano se distanciou de seu criador e defendeu o voto de confiança no adversário de Berlusconi.

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