Acesso ao principal conteúdo
Tragédia/Santa Maria

Casas noturnas de Santa Maria não respeitam normas de segurança, dizem clientes

Três semanas antes do incêndio que matou mais de duzentas e trinta pessoas em uma casa noturna em Santa Maria, no sul do Brasil, outro estabelecimento havia sido interditado por razões de segurança. O local era gerenciado pelo Diretório Central de Estudantes da cidade, uma entidade sem fins lucrativos, ao contrário de todas as outras casas noturnas na cidade.  

Fachada da discoteca Kiss, em Santa Maria
Fachada da discoteca Kiss, em Santa Maria Foto: Reprodução
Publicidade

Gianlluca Simi, de Santa Maria, em colaboração para a RFI

Apesar dos riscos, nenhum outro estabelecimento foi fechado, ou vistoriado depois da tragédia de Santa Maria, mesmo que a opinião dos jovens da cidade seja a mesma: a estrutura de segurança das casas noturnas da cidade não é apropriada, como explica a studante Maria Angélica Varaschini, que frequentava a boate Kiss.

"A porta, em si, de entrada e de saída, é a mesma. Eu lembro de um extintor de incêndio, bem, na verdade, não lembro do extintor, eu lembro só do aviso ‘aqui tem um extintor’. Mas não me lembro de nenhuma sinalização de porta de saída, de emergência. Se tivesse uma outra porta de saída, talvez muitas outras pessoas pudessem ter escapado. Falta muito essa preocupação aqui nas boates de Santa Maria."

No dia seguinte à tragédia, os trabalhos de identificação de corpos e de acompanhamento das
famílias das vítimas continua intenso no Centro Desportivo Municipal, onde estão concentradas as atividades. A estudante Kamyla Belli, que está trabalhando como voluntária no local, explica como está ajudando parentes e amigos a chegar até o lugar onde estão sendo realizados os velórios. "Isso é de manhã. De madrugada, a maior parte do trabalho foi distribuir comida, água fazer café, chá, não só para as pessoas, mas também para os bombeiros, para a polícia, para os socorristas."

02:42

Casas noturnas de Santa Maria ignoram riscos

Nesta segunda-feira, dois membros da banda que se apresentava no local no dia do incêndio e um dos dois proprietários da casa noturna foram presos. A polícia ainda ouve depoimentos e a investigação deverá se concentrar nas diversas falhas que já foram detectadas. Os bombeiros declararam que o local tinha capacidade para 690 pessoas. Na hora do incêndio, havia cerca de 1500 pessoas. Além disso, o plano de prevenção de incêndios estava vencido desde agosto do ano passado.

Dentre as cerca de 12 casas noturnas de Santa Maria, nenhuma delas apresenta uma estrutura desegurança adequada, mesmo com permissão de funcionamento das autoridades. Faltam saídas de emergência, sinalização, extintores de incêndio, ventilação. Santa Maria está de luto e sofre, tanto pela tragédia que assolou a cidade na madrugada de domingo como pela angústia de saber que isso poderia ter acontecido em qualquer outra boate. O governador do estado do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, já prevê mudanças na legislação e a população em geral espera também severas vistorias nas outras casas noturnas da cidade.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.