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Imprensa

Tragédia em Santa Maria choca ainda mais o Brasil porque envolve jovens de classe média

A tragédia da boate Kiss em Santa Maria foi assunto em diversos jornais franceses nesta segunda-feira. Além de informar o alto número de vítimas da pior tragédia do Rio Grande do Sul, a imprensa também traz questionamentos sobre a segurança de locais públicos e o impacto na sociedade brasileira.

O governo estadual divulgou na tarde deste domingo (27) a lista com os nomes das 230 vítimas do incêndio.
O governo estadual divulgou na tarde deste domingo (27) a lista com os nomes das 230 vítimas do incêndio. REUTERS/Edison Vara
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Uma boate no Brasil pega fogo e deixa 233 mortos, escreve o Le Figaro em sua manchete. Esse drama relança o debate sobre a ausência do controle das autoridades municipais sobre a segurança de locais públicos, escreve jornal e fazer lembrar ainda uma outra tragédia na América Latina: a de um incêndio em boate na Argentina em 2004 que matou 194 pessoas porque o local não tinha saída de emergência. Ilustrada com uma foto tirada de madrugada durante a operação dos bombeiros, a reportagem do Le Figaro comenta que o balanço de vítimas em Santa Maria pode aumentar já que mais de 200 pessoas ficaram feridas e algumas continuam a morrer nos hospitais.

O Libération destaca a informação de que os seguranças teriam bloqueado a saída da discoteca em chamas, porque acreditavam que se tratava de uma briga entre jovens e queriam impedir que muitos saíssem sem pagar a conta.
O Libé informa que a boate Kiss tinha apenas uma saída e pelo número de mortos encontrados nos banheiros, tudo leva a crer que muitos estudantes confundiram com a saída de emergência, que ficava ao lado. Os clientes que estavam na área VIP conseguiram sair com mais facilidade, afirma o local, justamente porque eles estavam do lado da porta de saída. O jornal afirma também que o comandante do Corpo de Bombeiros de Santa Maria diz que a boate estava com o sistema de prevenção de luta contra o incêndio vencido desde o mês de agosto. Segundo a correspondente do jornal, o choque é maior ainda no Brasil porque o drama envolve jovens da classe média.

Dramas parecidos acontecem com ônibus, usados principalmente pelas classes mais pobres do país, e deixam centenas de mortos todos os anos nas estradas sem que provoque a mesma comoção entre os brasileiros, escreve o Libé.

Horror no Brasil. Esse foi o título do Aujourd'hui en France para resumir a tragédia de Santa Maria. Uma festa estudantil que se transformou em drama, escreve o jornal destacando o depoimento de dois sobreviventes, um deles, disse ter visto uma garota morrer em seus braços. "Senti seu coração parar de bater", afirmou o estudante. A idade média das vítimas era de 20 anos e a maioria morreu axfixiada ou pisoteada afirma o Aujourd'hui en France.

O La Croix traz uma pequena nota sobre o incêndio na discoteca de Santa Maria. Baseado em informações da agência de notícias AFP, o jornal católico relatou o desespero das famílias em busca de informações, informou que a presidente Dilma Roussef viveu parte de sua carreira política no Rio Grande do Sul e concluiu a reportagem lembrando que na França o incêndio em uma discoteca no sudeste do país em 1970 deixou 146 mortos, todos com menos de 26 anos de idade.
 

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