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Angola

Angola: aumento de combustíveis penaliza pescadores de Luanda

Luanda – Em Angola os pescadores queixam-se de ainda não ter recebido os cartões que lhes permitiriam continuar a beneficiar de subsídios para os combustíveis, não obstante o aumento do preço da gasolina no passado dia 2, de 160 para 300 kwanzas.

Pesca em Angola.
Pesca em Angola. © Francisco Paulo/RFI
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No passado dia 1 de Junho o Governo angolano anunciou a retirada gradual dos subsídios aos combustíveis, alegando uma necessidade em equilibrar a disparidade entre os preços praticados localmente e os mercados internacionais. Muitos cidadãos foram pegos de surpresa por esta medida devido ao pouco tempo que tiveram para coordenar outros meios de acção, sendo que a reforma entrou em vigor no dia seguinte, a 2 de Junho.

De acordo com o Executivo uma excepção abrangeria sectores vitais para a estabilidade da economia, nomeadamente dos transportes (taxistas, mototaxistas) e o sector agrícola e pesqueiro, para os quais seriam fornecidos cartões subvencionados pelo Estado que permitiriam beneficiar dos preços anteriores. No entanto, os pescadores queixam-se de ainda não ter recebido os cartões, apesar das promessas do Governo.

Muitos dentre eles aumentaram os preços enquanto outros desistiram de sair de barco para a pesca. Nuno Gomes, armador de pesca numa zona costeira de Luanda, descreveu à reportagem da agência Lusa a situação do sector que ele qualifica como sendo "péssima".

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Reportagem Lusa - Pescadores criticam aumento dos combustíveis

“Estamos a ter um impacto muito negativo. Uns estão a conseguir resistir e outros estão a parar devido a esta medida que o governo adoptou. O Governo, antes de fazer subir o combustível deveria nos fornecer os cartões, eles disseram que teríamos direito aos cartões, mas o combustível subiu no dia 02 e hoje são 21 e, até ao momento, nada se diz acerca dos cartões.

“A gente vai lá para a Direcção da Pesca, eles dizem que esta se a trabalhar nesse sentido, mas a gente continua a comprar o litro de combustível a 300 kwanzas, e não temos como vender o peixe barato. Eu não sei como essa gente está a trabalhar.”

 O combustível subiu numa proporção de 98%. Por cada embarcação, 60 litros por dia, então isto está a ficar muito pesado para o nosso bolso, o consumidor é que vai pagar por isso. “Antigamente o peixe-espada, vendíamos 4 espadas por 2500kz. Agora somos obrigados a vender por 5000kz.

Nuno Gomes também constatou um ligeiro aumento da criminalidade como consequência desta medida. No bairro da Mabunda, em Luanda, o roubo de pescado tem vindo a ser uma ocorrência frequente.

Muitos estão parados e isso também reflecte na sociedade, o nível de criminalidade no bairro da Mabunda aumentou, muitos roubos de peixes, a situação está péssima mesmo", reiterou.

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