Angola: pelo menos cinco mortos em protestos contra aumento dos combustíveis

Huambo – Em Angola, os taxistas e mototaxistas levaram a cabo uma manifestação na província do Huambo, esta segunda-feira. Em causa, a subida do preço dos combustíveis e a falta, até ao momento, dos cartões prometidos pelo Estado de subvenção do combustível para esta classe. 

Corrida aos combustíveis em Luanda a 1 de Junho de 2023. LUSA - AMPE ROGÉRIO

Em entrevista à RFI, Guilherme Neves, Presidente da Organização Não Governamental angolana Mãos Livres, explicou o que aconteceu nesse dia, salientando que os confrontos entre manifestantes e a polícia resultaram na morte de pelo menos cinco pessoas.

"O que aconteceu foi que um grupo de mototáxis e taxistas decidiram manifestar-se porque não receberam os cartões que os habilita a ter acesso a combustível nos preços anteriores devido ao facto da administração local não ter preparado condições para tal. Tendo em conta a subida dos preços e tendo em conta que eles não têm condições suficientes para conseguirem fazer o seu trabalho, acharam por bem manifestar-se e exigir do governo a necessidade de corresponder àquilo que foram as promessas do próprio executivo ", começou por dizer Guilherme Neves.

O responsável da ONG apontou o dedo ao governo pelos momentos de tensão que ocorreram durante os protestos na província do Huambo.

"Infelizmente, assim que decidiram manifestar-se, não se conseguiu, de maneira mais pedagógica controlar a situação, numa altura em que os cidadãos, quase todos, a nível nacional, por razões de baixa renda e porque não há poder de compra, com esses nervos, o governo através da instituição polícia não conseguiu lidar com a situação, de tal maneira que houve confrontos entre manifestantes e a polícia que resultou na morte de cinco de pessoas, mas dados que temos de outras fontes dizem que foram seis pessoas", acrescentou o nosso entrevistado.

Ouça aqui as declarações de Guilherme Neves:

01:22

Som, Guilherme Neves, Mãos Livres, 07-06-2023

O Comando Provincial do Huambo da Polícia Nacional também já confirmou que cinco pessoas perderam a vida, na sequência desta manifestação.

De salientar que entrou em vigor, no passado dia 02 de Junho, um aumento do preço do litro da gasolina. Em Angola, passa de 160 para 300 kwanzas, mas a medida não abrange nem o sector productivo nem os taxistas. 

O ministro de Estado para a Coordenação Económica de Angola, Manuel Nunes Júnior, garantiu recentemente que as tarifas dos taxistas e mototaxistas vão ser subvencionados. Logo, continuarão a pagar 160 kwanzas e o estado angolano pagará a diferença, 140 kwanzas.

Apesar deste posicionamento favorável em relação aos profissionais do sector, os taxistas e mototaxistas manifestaram-se porque garantiam ainda não ter acesso a estes cartões prometidos pelo Estado.