Congresso do MPLA coincidiu com sanções contra algumas alta figuras ligadas ao partido

O chefe de Estado angolano e candidato único à sua própria sucessão na liderança do partido no poder no seu país foi reeleito ontem presidente do MPLA com um pouco mais de 98% dos votos. A reeleição de João Lourenço na chefia do MPLA, coincidiu com o anúncio pelos Estados Unidos da adopção de uma série de sanções contra próximos do antigo presidente José Eduardo dos Santos que este ano não esteve presente no conclave do partido que dirigiu durante quase 40 anos.

8° congresso do MPLA em Luanda. © LUSA

Na quinta-feira, dia em que se assinalava a jornada internacional de luta contra a corrupção, Washington anunciou ter congelado os activos que os antigos dirigentes angolanos Leopoldino Fragoso do Nascimento 'Dino' e Manuel Helder Vieira Dias Júnior 'Kopelipa' têm nos Estados Unidos por estes últimos terem "roubado milhares de milhões de dólares do governo angolano por meio de peculato", segundo um comunicado do Departamento de Estado americano.

No rol de sanções impostas aos próximos do antigo presidente angolano, também está incluída a filha, Isabel dos Santos, nomeadamente suspeita de gestão danosa da companhia petrolífera nacional Sonangol, que está doravante proibida de obter visto para os Estados Unidos "por envolvimento em corrupção através da apropriação para benefício pessoal de fundos públicos", Washington não tendo contudo adoptado sanções económicas e financeiras contra a empresária.

O anúncio desta sanções dos Estados Unidos não deixou de ser comentado à margem do congresso do partido no poder em Angola.

Na óptica do general Bento Kangamba, membro do Comité Central do MPLA que chegou a ser acusado de tráfico de mulheres, burla e fraude, o envolvimento em casos de corrupção de figuras angolanas ligadas ao MPLA não coloca em causa o partido.“Cada um tem os seus problemas” considera Bento Kangamba referindo que “as pessoas são chamadas ao tribunal, mas ainda não foram julgadas, há uns que vão ser absolvidos, o tribunal é assim. Quantas vezes eu, na Europa, fui visto como criminoso e agora estou limpo, fui absolvido em todas as matérias, quem não deve não teme”.

Bento Kangamba em declarações recolhidas pela agência Lusa

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Bento Kangamba em declarações recolhidas pela agência Lusa

O 8° congresso do MPLA que decorreu sob o lema "MPLA por uma Angola democrática e inclusiva" terminou as suas actividades ontem com a reeleição de João Lourenço na chefia do partido e com a eleição do novo Comité Central que contabiliza doravante cerca de 700 membros, com paridade de género e 35% de jovens.