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Angola/Sindicato Médicos

Angola: sindicato dos médicos não aceita recusa de demissão da bastonária

Em Angola a Bastonária da Ordem dos Médicos Elisa Pedro Gaspar, rejeitou a deliberação do Conselho Regional Norte que a destitui por alegados actos de má gestão e desvio de 19 milhões de kwanzas, mas Adriano Manuel, Presidente do Sindicato dos Médicos insiste em que ela tem que acatar a decisão.

Adriano Manuel, presidente do Sindicato dos Médicos de Angola, afirma que as resoluções da Assembleia dos Médicos são soberanas, pelo que a bastonária da Ordem dos Médicos Elisa Pedro Gaspar, acusada de "ditadura,nepotismo e desvio de fundos" tem que se demitir, apesar do seu mandato só terminar em 2022,
Adriano Manuel, presidente do Sindicato dos Médicos de Angola, afirma que as resoluções da Assembleia dos Médicos são soberanas, pelo que a bastonária da Ordem dos Médicos Elisa Pedro Gaspar, acusada de "ditadura,nepotismo e desvio de fundos" tem que se demitir, apesar do seu mandato só terminar em 2022, © DR
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Persiste o braço de ferro na Ordem dos Médicos de Angola que confirma a continuação de Elisa Pedro Gaspar como bastonária da instituição, mesmo depois de ela ter sido destituída, por deliberação do Conselho Regional Norte da ORMED, que a destituiu do cargo por alegados actos de má gestão consubstanciada no desvio de 19 milhões de kwanzas.

A medida, tomada durante uma Assembleia-geral Extraordinária, ocorrida no passado sábado, 17 de Outubro, deveu-se, essencialmente, a uma suposta gestão danosa de bens financeiros e patrimoniais por parte da responsável.

Elisa Gaspar, que está de luto pelo falecimento da sua mãe, negou gravar a entrevista e remeteu  a RFI para o seu director para comunicação e imprensa, Aldemiro Cussivila que refuta tais  acusações considerando-as de infundadas.

Em reação, Aldemiro Cussivila em declarações à RFI, disse que Elisa Gaspar vai continuar nas suas funções até ao fim do seu mandato em 2022 e garantiu que a Ordem dos Médicos de Angola   tomou “conhecimento por via da comunicação social de uma suposta destituição da sua Bastonária”.

A actual Bastonária da Ordem dos Médicos de Angola Dra. Elisa Pedro Gaspar foi eleita democraticamente para um mandato de três anos (2019-2022) e as informações que têm sido publicadas, não passam de uma tentativa de manipulação da opinião pública para desvalorizar as reformas em curso na Ordem dos Médicos de Angola” lê-se no comunicado que garante que “a Bastonária da Ordem dos Médicos continua em suas funções até ao final do seu mandato”.

O presidente do Sindicato dos Médicos , Adriano Manuel disse à RFI, que a bastonária estava a criar um "clima de nepotismo" e demonstrava falta de solidariedade para com os seus colegas. 

Para o também membro da Ordem dos Médicos de Angola, além de gestão danosa, Elisa Gaspar mostrou-se indiferente às manifestações de homenagem ao falecido médico Sílvio Dala, atitude que considera um autêntico "sinal de desprezo aos problemas da classe".

"a Assembleia é soberana em relação à destituição da bastonária, que tem que aceitar aquilo que é a decisão da Assembleia dos Médicos, à luz daquilo que é o estatuto da Ordem, podem fazer a sua destituição, caso a bastonária não esteja em alinhamento com aquilo que são os objectivos principais pelos quais a Ordem foi criada.

"...O grande motivo está directamente relacionado com o facto de a bastonária da Ordem não ser solidária com a morte do Dr. Sílvio Dala, a outra questão é o clima de terror, que a bastonaria criou na Ordem dos Médicos, onde os funcionários têm alguma dificuldade em se relacionar com a bastionária, tendo em conta a ditadura e acima de tudo o nepotismo dentro da Ordem dos Médicos, finalmente está relacionado com a gestão dos dinheiros, vale realçar que já existem provas, que estão nas mãos da comissão de inquérito e como é obvio ela terá de provar o contrario" declarou Adriano Manuel.

Elisa Gaspar, eleita bastonária da Ordem dos Médicos de Angola a 28 de Abril de 2019, com 45,5% dos votos, é acusada de ter desviado 19 milhões de kwanzas.

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Adriano Manuel, presidente sindicato dos médicos de Angola

A denúncia foi feita pelo antigo director do seu gabinete, Domingos Cristóvão, que não só acusa a responsável de gestão ruinosa como também de ter “traído as expectativas de todos aqueles que votaram nela”.

Segundo o Domingos Cristovão, em Agosto ultimo, a acusada terá usado uma boa parte do dinheiro na compra de uma “mobília para a sua residência, na reparação da mesma, viagens para Portugal e Brasil para ela e o filho, para além de outros gastos supérfluos”.

O antigo director diz que os valores em causa foram disponibilizados pelo Ministério da Saúde, para o pagamento de salários, mas a bastonária terá dado outro destino, deixando os “trabalhadores sem salários durante cinco meses”.

Conforme o comunicado final da assembleia-geral, lido pela presidente de mesa da assembleia do Conselho Regional Norte da Ordem dos Médicos de Angola, Arlete Luiele, a classe deu "um passo certo", com a destituiçõ da bastonária. 

 O conselho fiscal regional norte da Ordem dos Médicos de Angola - ORMED - também pediu uma auditoria externa às contas da instituição por alegados desvios de fundos e gestão danosa por parte da bastonária Elisa Gaspar.

A médica pediatra-neonatologista Elisa Gaspar esteve ausente do encontro de 17 de Outubro, além da destituição da bastonária, os mais de 50 por cento dos membros da ORMED constituíram comissões de gestão e de inquérito independentes, para auditar as contas da instituição.

A comissão de gestão, que tem 90 dias para preparar um novo processo eleitoral, integra os médicos Arlete Luele, Rosalon Pedro, Jeremias Agostinho, Benedito Quintas e Armando Caála.

Conforme os estatutos da ORMED, o bastonário só pode ser destituído em Assembleia-Geral convocada pelo presidente da Mesa do Conselho Nacional, que nesta altura está em vacatura.

Entretanto, o estatuto da ORMED não prevê a destituição, pelo que, havendo vacatura na Mesa do Conselho Nacional, cabe ao bastonário ou ao seu vice, sempre que solicitado e justificado, convocar as reuniões do Conselho Nacional.

Com a colaboração de Daniel Frederico, correspondente em Angola.

 

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