Ruanda faz homenagem aos mortos do genocídio de 1994
Ruanda, as autoridades ruandesas, começaram ontem, aniversário dos 25 anos do genocídio ruandês, uma semana de homenagem solene a mais de 800.000 tutsis e hutus moderados, massacrados, por hutus extremistas, durante 3 meses. Um genocídio que não pôde ser antecipado pela comunidade internacional que fracassou, segundo a Bélgica.
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Ruanda que comemorava ontem os 25° aniversário do massacre que durou 3 meses, lançando paralelamente uma semana de homenagens a mais de 800 mil tutsis e hutus moderados, massacrados, por hutus extremistas.
O Presidente ruandês, Paul Kagamé, declarou hoje em Gisozi, onde estão enterrados 250.000 pessoas ser "impossível compreender plenamente a solidão e a ira dos sobreviventes" a quem pede no entanto para fazerem os "sacrifícios necessários permitindo o renascimento da nação."
O massacre de tutsis e hutus moderados, que durou 100 dias, começou a 6 de abril de 1994, com a queda do avião do então Presidente ruandês, Juvenal Habyarimana e do seu homólogo burundês, Cyprien Ntaryamira, dois hutus, avião que foi atingido por um míssil quando sobrevoava Kigali.
Até hoje os autores do genocídio que se seguiria nunca foram identificados. Um genocídio levado a cabo por hutus extremistas contra os tutsis, mas também hutus moderados. Mas houve também milícias tutsis de Paul Kagame, idos do Uganda, que massacraram hutus.
Homenagens e Bélgica pede desculpas ao povo ruandês
A nação ruandesa relembra toda esta semana os seus mortos com uma série de homenagens.
Ontem foi o grande dia das cerimónias dos 25 anos do genocídio, com o Presidente ruandês, Kagame a receber chefes de Estado e de governo e personalidades africanas e europeias.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, não esteve presente, mas disse querer fazer de 7 de abril um dia de comemoração nacional do genocídio ruandês.
O papel desempenhado pela França, no genocídio continua muito controverso, tendo em conta que tinha tropas presentes em Ruanda, que apoiavam o presidente hutu, Juvenal Habyarimana.
Enfim, em contrapartida, o Primeiro-ministro da Bélgica, Charles Michel, representou o seu país nas cerimónias, reiterando, as "desculpas" ao povo ruandês, mas acusando também a "comunidade internacional que não soube prevenir o genocídio".
Charles Michel, primeiro-ministro, da Bélgica sobre genocídio ruandês
"Sim, temos que dizê-lo: esse genocídio foi também um fracasso da comunidade internacional que não pôde prevenir esse crime contra a humanidade. Eis-me perante vós, em nome de um país, que também quer, assumir, olhos-nos-olhos, a sua parte de responsabilidade perante a História."
"É neste sentido que o meu predecessor, em 2000, exprimiu as desculpas da Bélgica porque, segundo disse, é um cortejo de negligência, um cortejo de incompetência, um cortejo de erro e culpa que tornaram essa tragédia possível."
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