Morreu o rosto da política do apartheid
Morreu Pik Botha, o antigo chefe da diplomacia sul-africano, que incitou à libertação de Nelson Mandela. O rosto da política do apartheid, durante duas décadas, serviu depois o governo do primeiro Presidente negro na África do Sul.
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Roelof Pik Botha foi a imagem internacional do regime segregacionista, ao ocupar o posto de ministro dos Negócios Estrangeiros de 1977 até à chegada da democracia, em 1994.
Crítico do apartheid
Em 1986, foi severamente repreendido pelo Presidente Pieter Willem Botha, com o qual não tinha nenhum grau de parentesco, por ter afirmado que um dia a África do Sul seria "um Estado governado por um negro". Em 1990, Botha chega mesmo a incitar o regime do apartheid a colocar em liberdade Nelson Mandela, chefe histórico do Congresso Nacional Africana -ANC.
Uma posição que será qualificada, mais tarde, por Mandela como “salvadora” da nação.
Ministro no governo de Mandela
Quatro anos mais tarde, Pik Botha integra o partido e o governo de Nelson Mandela, assumindo a pasta das Minas e Energia, durante dois anos.
Com a saída do Partido Nacional do governo, em 1996, chega ao fim a carreira política de Botha. Foi o Partido Nacional que esteve na origem do apartheid na África do Sul.
Figura controversa
Todavia, Roelof Pik Botha é visto como uma figura controversa. Em 1990 é acusado de manter relações directas com os esquadrões da morte encarregues de abater os militares anti-apartheid.
Ele que foi ainda acusado de desestabilizar os países vizinhos como Angola, Namíbia e Moçambique, e de prestar ajuda aos movimentos de rebeldes contra os regimes que resultaram dos movimentos independência.
Pik Botha morreu esta sexta-feira em Pretória aos 86 anos. O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, agradeceu apoio do antigo chefe da diplomacia durante o período de transição que conduziu a África do Sul à democracia.
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