RDC: mais 38 valas comuns descobertas no Kasai
A ONU anunciou ontem a descoberta macabra de mais 38 valas comuns em duas localidades da região do Kasai, no centro da RDC, o que elevaria para mais de 80 o nùmero de valas descobertas em 11 meses nesta região.
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A violência disparou no Kasai central e oriental desde a morte por tropas congolesas em Agosto passado do chefe tradicional Jean Pierre Nsapu Mpandi, líder das milicias armadas tribais Kamuina Msapu, onde predominam das etnias Baluba e Batetela, que contestam a nomeação pelo Presidente Joseph Kabila de um líder tribal alheio à linhagem do rei do Kazai e consideram ilegítima a manutenção no poder do Presidente Joseph Kabila.
Desde então mais de 3.300 pessoas foram mortas, na sua maioria civis e quase um milhão e meio foram forçadas a fugir, metade delas são menores e muitas foram separadas das suas famílias
RDC: mais 38 valas comuns descobertas na região de Kasai
Desde Abril mais de 30 mil, entre as quais segundo o ACNUR 53% são crianças, centenas das quais não acompanhadas, refugiaram-se em Kakanda e Mussuga, na fronteiriça província da Lunda Norte, nordeste de Angola, onde foram improvisados dois campos de acolhimento.
Governo e milícias acusam-se mutuamente pelas valas comuns, mas em Março passado testemunhas revelaram à RFI ter visto camiões do exército despejarem cadáveres, e na semana passada oito soldados congoleses foram condenados, pelo assassínio de membros das milícias, num massacre que foi gravado em vídeo.
A ONU que aprovou em Junho o envio de peritos para investigar os crimes no terreno, apela à identificação dos responsáveis militares e políticos, tem alertado para o uso excessivo da força pelas tropas congolesas e denunciou recentemente a existência de uma nova milícia, designada Bana Mura, criada e organizada pelas autoridades de Kinshasa, para apoiar o exército na região de Kasai.
O conflito no Kasai, onde reside cerca de 10% da população congolesa, foi um dos pretextos evocados esta semana pela Comissão Eleitoral Independente, para justificar a impossibilidade da realização das eleições até ao final deste ano, como previsto pelo Acordo de Paz assinado com a oposição a 31 de Dezembro do ano passado, para pôr termo à crise, despoletada desde a expiração do segundo mandato do presidente Kabila, que terminou a 20 de Dezembro de 2016 e que a constituição impede de voltar a candidatar-se.
Estados Unidos e União Europeia impuseram sanções contra vários responsáveis congoleses próximos do Presidente Joseph Kabila, devido ao atraso na realização das eleições e às violações de direitos humanos com destaque para a região do Kasai, de onde segundo a ONU só nos últimos seis dias fugiram mais de 80 mil pessoas.
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