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RDC

RDC: RFI publica documentos sobre violência no Kasai

A RFI começa hoje a emitir uma série de elementos acerca da violência que tem ensombrado o Kasai, região meridional da RDC. A ONU pretenderia uma investigação internacional sobre os abusos cometidos na área.

RFI
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São três os documentos multimédia da autoria da RFI em francês que são publicados desde esta terça-feira.

O primeiro incide sobre a personalidade de Kamuina Nsapu, chefe tradicional do Bajila Kasanga,na província central do Kasai.

A morte de Jean-Prince Mpandi, o sexto "Kamuina Nsapu", abatido por forças de segurança a 12 de Agosto de 2016, provocou uma onda de violência que tem gerado um grande fluxo de refugiados rumo à província angolana da Luanda Norte.

Na altura todos os olhares se viraram para outro ilustre filho da terra, Étienne Tshisekedi, opositor histórico, entretanto já falecido, de regresso ao país após dois anos de exílio. 

A alguns meses do fim do mandato de Joseph Kabila um escolhe a revolta, outro o diálogo. 

Dez meses mais tarde contam-se em centenas os mortos, talvez milhares, mas também milhares de crianças soldado, mais de um milhão de deslocados e pelo menos 42 valas comuns.

Quem é Kamuina Nsapu ?

Foi nos finais de 2012 que Jean-Prince Mpandi com 46 anos se torna no 6° « Kamuina Nsapu », ou seja um dos principais chefes tradicionais da área de Dibaya.

O seu antecessor, Anaclet Kabeya Mupala, era coronel das Forças armadas zairenses (FAZ), o exército do antigo regime. Ele morreu escassos meses antes em circunstâncias que para os próximos poderiam ser suspeitas. Évariste Boshab, também ele do Kasai, é na altura presidente do parlamento.

Para as autoridades de Kinshasa Jean-Prince Mpandi é um aventureiro, um criminoso que teria passado a sua juventude entre Tshikapa, Lubumbashi, a Zâmbia et a África do Sul.

Foi em Lubumbashi, no Katanga, que estudou técnicas agrícolas, formação que não teria concluído. Nos anos 2004-2005, reaparece em Tshikapa no Kasaï. Instala uma clínica tradicional alegando ter aprendido medicina com estudiosos chineses. 

Defende a união da sua etnia, os Bajila Kasanga, num movimento único.

Há quem denuncie as ligações que manteria com a África do Sul, onde vive a sua família, e com meios contestatários, como os "combatentes" da UDPS, ou até com Étienne Kabila, o "irmão" autoproclamado de Joseph, que foi perseguido durante algum tempo antes de ser absolvido por tentativa de golpe de Estado.

Em Janeiro de 2017 o novo vice-Primeiro ministro do Interior, Emmanuel Ramazani Shadari, diz no parlamento que o governo detém um documento assinado pelo chefe Kamuina Nsapu intitulado « Não às eleições em 2016 ».

De acordo com o regime de Kinshasa, Jean-Prince Mpandi teria insistido na necessidade de restaurar os poderes tradicionais, « encarnações naturais da nacionalidade », ele teria exortado « todos os jovens » a erguer barricadas e a expulsar os estrangeiros do Grande Kasai, excepto os « diplomatas ». Ele teria lançado um ultimato, afirma o poder, para 31 de Dezembro de 2015 à meia noite.

A 11 de Agosto de 2016 uma delegação chefiada pelo vice-primeiro ministro do interior, Évariste Boshab, desloca-se ao Kasai-Central.

As autoridades pedem aos deputados para que transmitam a Jean-Prince Mpandi um ultimato. Ele tem 24h para se render às forças de segurança. Caso contrário seria abatido.

Ouvida pela RFI, a ministra dos direitos do homem da RDC garante que o governo não tinha nenhum interesse em assassinar o chefe Kamuina Nsapu.

Veja aqui o documento da RFI (em francês) sobre o chefe Kamuina Nsapu.

 

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