Forças da CEDEAO às portas da Gâmbia
Termina hoje à meia-noite o mandato do Presidente Yahya Jammeh, que recusa aceitar a vitória de Adama Barrow, que poderia tomar posse em Dakar onde se encontra desde sábado.
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A diplomacia tenta evitar um banho de sangue e em Banjul encontram-se dois enviados especiais do Rei de Marrocos, um da Guiné Conacri e ainda o presidente da Mauritânia, numa derradeira tentativa de convencer o Presidente cessante Yahya Jammeh a abandonar o poder e assim evitar uma eventual intervenção militar da CEDEAO, que tem já o aval da ONU e da União Africana.
O Senegal apresentou hoje no Conselho de Segurança da ONU um projecto de resolução para apoiar os esforços da CEDEAO e embora não pedindo explicitamente autorização para o envio de tropas para a Gâmbia, sabe-se que centenas de soldados para lá se dirigem desde ontem à noite e estaria eminente uma operação militar.
O parlamento gambiano prolongou até 17 de Abril o estado de emergência decretado ontem (17/01) e até à mesma data o mandato de Yahya Jammeh, que oficialmente termina à meia-noite desta quarta-feira.
O Presidente eleito da Gâmbia Adama Barrow, que continua no Senegal, para onde foi exfiltrado sábado à noite a pedido da CEDEAO, considera ilegais estas medidas e reitera que vai tomar posse esta quinta-feira. Resta saber onde ?
Abdou Jarju, embaixador da Gâmbia em Bissau
O embaixador da Gâmbia em Bissau Abdou Jarju considera que "é questionável a legalidade" do prolongamento por 90 dias do mandato presidencial de Yahya Jammeh, que afirma que se manterá no poder até que a justiça se pronuncie sobre o recurso pedindo a anulação da eleição presidencial de 1 de Dezembro, o que não deverá acontecer antes de Maio devido à falta de juízes no país.
Abdou Jarju admite ainda que a "constituição gambiana não é clara quanto à transição de poder e tomada de posse", pelo que o presidente eleito Adama Barrow, que continua em Dakar, pode tomar posse amanhã como previsto numa embaixada, que é uma "extensão do território da Gâmbia".
Geoffrey Onyeama, ministro dos negócios estrangeiros da Nigéria
A mesma opinião é defendida pelaNigéria, país que preside rotativamenbte a CEDEAO, cujo chefe da diplomacia Geoffrey Onyeama afirmou "é muito possível que Adama Barrow não possa prestar juramento em Banjul...ele encontra-se actualmente no Senegal - geográficamente a Gâmbia situa-se no Senegal...e uma embaixada é um território dum determinado País..a Constituição permite que ele seja investido por um juiz do Supremo Tribunal, e há um grande número de juízes disponíveis".
Entretanto esta quarta-feira demitiu-se a vice-presidente Njie Saidy, mais de 26 mil gambianos fugiram do país, milhares de turistas vão fazê-lo nos próximos dias, os alimentos de base aumentam de preço e alguns já escasseiam nas lojas da capital Banjul.
O embaixador Abdou Jarju dá ainda conta das dificuldades em saber quantos gambianos fugiram para a Guiné-Bissau, sendo que apenas 12 se registaram até esta qarta-feira, mas as autoridades guineenses falam de várias centenas.
Abdou Jarju
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