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República Centro-Africana

A contestação prossegue na República Centro-Africana

A situação continua tensa em Bangui na capital do país, após os confrontos do passado fim-de-semana. Ontem três manifestantes morreram nas manifestações e os prisioneiros da prisão em Bangui voltaram a fugir. Quanto à noite de segunda para terça-feira, o recolher obrigatório não foi respeitado. Os manifestantes pedem a demissão da presidente de transição, Catherine Samba-Panza.

No principal hospital de Bangui chegaram muitos feridos nestes últimos dias.
No principal hospital de Bangui chegaram muitos feridos nestes últimos dias. AFP FOTO / EDOUARD DROPSY
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Na noite de segunda para terça-feira, desordeiros assaltaram prédios abandonados e atingiram também prédios de organizações humanitárias, como a ONG Mercy Corps. De referir que ontem, ao longo do dia, as violências paralisaram Bangui, a capital, durante todo o dia e vários comércios foram saqueados apesar do recolher obrigatório instaurado pelas autoridades.

Segundo as nossas informações, reforços anti-balaka chegaram durante esta noite a Bangui vindos do interior do país, encorajando os manifestantes. Igualmente durante a noite, a República Democrática do Congo fechou a fronteira com Bangui.

De notar que ainda ontem foi aberta a prisão de Ngaragba, situada no Leste de Bangui. Segundo a RFI, os guardas das Forças armadas centro-africanas desertaram a cadeia, deixando os prisioneiros livres de abandonar o recinto. Um tiroteio ocorreu entre os prisioneiros e as forças internacionais, que estavam nas imediações da prisão, mas uma grande maioria dos detidos conseguiram fugir: cerca de 600 prisioneiros fugiram e muitos deles são anti-balaka.

Luís Carrilho, comissário da Polícia da Minusca, faz o ponto da situação em termos de segurança na capital da RCA.

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Luís Carrilho - Comissário da Polícia da Minusca

A situação é de tal maneira tensa que os campos de refugiados acolhem cada vez mais pessoas. O campo de Mpoko, perto do aeroporto, é o lugar para onde os civis fogem às violências. Segundo a coordenação dos assuntos humanitários da ONU, em apenas dois dias, cerca de 10 000 pessoas fugiram para esse campo de refugiados.

Catherine Samba-Panza pede calma

A partir de Nova Iorque onde participava na Assembleia geral das Nações Unidas, Catherine Samba-Panza, a presidente de transição, condenou as violências e pediu calma aos compatriotas.

«Condeno a recrudescência da violência intercomunitária, as destruições e incêndios de casas, os actos de saqueagem e de represálias que põem o país numa situação de insegurança e de desolação, e também comprometem todos os esforços de coesão social e de harmonização antes e depois do Fórum Nacional de Bangui», declarou a presidente centro-africana de transição.

«Peço a todos os protagonistas desta nova crise para terem calma e respeitarem os compromissos feitos no Fórum Nacional de Bangui, para chegarmos a uma reconciliação. Peço às Forças da Nação para se implicarem mais para manter a coesão intercomunitária», acrescentou Catherine Samba-Panza, que entretanto decidiu regressar ao país.

Uma contestão com múltiplas facetas

Vários grupos tentam coordenar as manifestações. Uns pedem a saída da missão francesa, Sangaris, para que a Faca, o exército, se ocupe da totalidade do território.

Outros, como um grupo de oficiais foram falar com o presidente do Conselho Nacional de Transição para lhe sugerir tomar posse do poder. No entanto o presidente do CNT recusou. Os oficiais entendem que as autoridades de transição já não têm legitimidade para governar.

Por fim há também manifestantes que pedem a demissão da presidente de transição, Catherine Samba-Panza.

A situação parece cada vez mais complicada na RCA.

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