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Etiópia

40 anos da morte de Hailé Sélassié, último imperador da Etiópia

Faz hoje quarenta anos que morreu Hailé Selassié, o último imperador da Etiópia. Descendente directo da linhagem do rei Salomão e da rainha de Saba com mais de 3000 anos de História, esta que foi uma das figuras fundamentais do século XX em África, reinou entre 1930 e 1974, com um interregno de 5 anos durante a ocupação italiana de 1936 a 1941, acabando por ser deposto em 1974 e morrer em cativeiro a 27 de Agosto de 1975.  

Haïlé Sélassié, último imperador da Etiópia
Haïlé Sélassié, último imperador da Etiópia AFP
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Tafari Makonnen (nome inicial do imperador) nasceu a 23 de Julho de 1892 no seio de uma família nobre em Ejersa Goro, localidade do Harar no leste da Etiópia. Tafari cujo nome significa "aquele que é temido"começa a exercer o poder como regente durante o reinado da sua prima, a imperadora Zewditu, chegando ao trono em 1930 depois de esta última falecer.

Doravante denominado Hailé Sélassié, que significa "poder da trindade", o imperador encaminha uma política de modernização do seu país, com a construção de escolas, universidades, o primeiro hospital do país, a criação da companhia aérea Ethiopian Airlines, o início da instalação da electricidade e ainda o lançamento da rádio e da televisão.

Gozando ainda antes da segunda guerra mundial de um prestígio internacional devido às suas políticas progressistas, a Etiópia sendo na altura o único país africano a integrar a então Sociedade das Nações, Hailé Selassié tornou-se um símbolo da luta antifascista quando em 1936 denunciou em Genebra a invasão do seu país pela Itália de Mussolini. Abandonado pela comunidade internacional nesse período, Hailé Sélassié mantém-se no exílio no Reino Unido até 1941, momento em que com o apoio das tropas aliadas, em plena segunda guerra mundial, retoma o controlo do seu país e anexa a vizinha Eritreia, antiga colónia Italiana.

Esta vitória aumenta o prestígio desta figura que se eleva como um dos primeiros representantes do continente africano na cena internacional, apoiando os movimentos de libertação. Por exemplo, Hailé Sélassié chegou a cortar relações com Portugal para protestar contra o colonialismo e também se pronunciou contra a segregação racial na África do Sul. O seu activismo faz com que em 1963, Addis Abeba a capital do seu país, acabe por se tornar a sede da Organização da Unidade Africana, futura UA.

O seu reinado contudo, não será só marcado por grandes feitos. Apesar de ter promulgado uma nova Constituição em 1955 dando mais poderes à câmara baixa do parlamento e de ter igualmente abolido a escravatura na Etiópia, o regime do imperador manteve os privilégios da nobreza e a estrutura feudal da sociedade do seu país. Nos anos 60, o descontentamento dos estudantes e da elite começa a expressar-se paulatinamente, a crise económica do começo da década de 70 piorando a situação. Hailé Sélassié acaba por ser deposto em 1974 pela junta militar de Mengistu, a morte chegando aos 85 anos na prisão a 27 de Agosto de 1975, oficialmente devido a complicações depois de uma operação cirúrgica, oficiosamente por estrangulação.

Só em 1992, um ano depois do fim do regime de Mengistu, é que se descobre onde repousa o seu corpo, no palácio imperial, a sua cerimónia fúnebre em 2000 decorrendo numa relativa discreção. Apesar disso, o seu nome é largamente conhecido, o monarca sendo alvo de um autêntico culto sobretudo fora do seu país, nomeadamente na Jamaica, onde os adeptos do Rastafarismo, dos quais fez parte o músico Bob Marley, o vêem como o "Rei dos reis".

Em entrevista com a RFI, o Padre Comboniano José Vieira que viveu largos anos no Sudão do Sul recordou a figura deste imperador.

01:08

Padre José Vieira sobre o imperador Hailé Sélassié

 

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