Mali vai a votos no domingo
Com 41% dos votos na primeira volta do escrutínio, o Presidente vigente Ibrahim Boubacar é o grande favorito da eleição presidencial maliana que terá o seu desfecho domingo. Ele rejeitou as acusações de fraude que foram feitas pelo seu único adversário, Soumaïla Cissé. Na primeira volta, Cissé obteve apenas 17,8% dos sufrágios. Numa entrevista à RFI, Ibrahim Boubacar Keita, defendeu o seu governamental e sublinhou que embora seja favorito da eleição não significa que ele já assegurou um segundo mandato presidencial.
Publicado a: Modificado a:
Actualmente confrontado com a ameaça jihadista, não obstante cinco anos de operações militares internacionais, o Mali volta às urnas no domingo, segunda volta da eleição presidencial que terá como contendores, o Presidente vigente Ibrahim Boubacar Keita e o opositor Soumaïla Cissé.
Keita que obteve na primeira volta do escrutínio 41,4% dos votos, uma vantagem confortável se considerarmos que o seu rival, Cissé, beneficiou apenas de 17,8%, não soube unir as forças políticas da alternância.
Ibrahim Boubacar Keita, desfruta do favoritismo na eleição presidencial de domingo, mas em caso de vitória ele terá, a partir de Setembro, a difícil tarefa de relançar o acordo de paz de Argel, concluído em 2015 pelo governo e os ex-rebeldes, dominados pelos tuaregues, cuja implementação acumula atrasos.
O acordo foi assinado depois da intervenção de forças francesas que, em 2013, retomaram o controlo do norte do Mali, onde os jihadistas impuseram a lei islâmica (Charia) durante um ano.
Numa entrevista à RFI, o Presidente, candidato à um segundo mandato, Ibrahim Boubacar Keita, afirmou que a perspectiva de uma vitória na eleição de domingo, não significa, de forma alguma, um seguro contra todos os riscos.
Ibrahim Boubacar Keita 10 08 2018
"Isso não significa que se trata de um seguro contra todos os riscos. Mas estou confiante e sereno. Quer dizer que, não obstante alguns problemas, o processo é de uma transparência e credibilidade e que num total de 24 candidatos eu consegui obter um resultado importante.
Eu nunca disse que iria vencer por KO aos meus adversários e triunfar imediatamente. É verdade, que todas as mesas de voto não funcionaram, mas foram só 3%, contrariamente ao que se passou nas eleições autárquicas em que 8% não abriram.
Por isso registaram-se progressos consideráveis, que nós vamos tentar amplificar, de forma a reduzir ainda mais o número de mesas de voto que não funcionaram por falta de condições de acesso ou por razões de segurança, que nós tentaremos resolver", afirmou Ibrahim Boubacar Keita
Soumaila Cissé volta a disputar, como em 2013, a segunda volta das eleições presidenciais malianas perante Ibrahima Boubakar Keita. Cissé obteve 17,8% dos votos na primeira volta e, em entrevista a Christophe Boisbouvier, alega não estar preocupado com o atraso em relação aos mais de 41% dos votos obtidos pelo presidente cessante no primeiro turno.
Soumaila Cissé candidato às eleições presidenciais
"Não estou preocupado com os pontos em atraso, pois sei que esses pontos foram obtidos com fraude. É por isso que eu penso que - honestamente - com uma melhor mobilização, podemos inverter a tendência. Quando há mesas de voto onde se registam 9.898 votos pelo Presidente, um voto para mim, e zero para todos os outros, devemos interrogar-nos. Quando o Presidente progride de 80% em certos feudos seus no Norte, podemos interrogar-nos. Quando, nas zonas onde tradicionalmente sempre ganhei, proíbem as pessoas de ir votar, creio que podemos perguntar porquê? Um partido como o URD, que é um grande partido, não faz política da cadeira vazia. Hoje, pedimos o acompanhamento da comunidade internacional, em particular da Minusma, nas zonas controladas pela rebelião. Sabendo que houve votação neste ou naquele lugar, é preciso que se possa assistir a isso. Nós pedimos à CEDEAO que envie observadores para todas as mesas de voto para que esta eleição seja credível", afirmou Soumaila Cissé
A comunidade internacional, que tem acompanhado a evolução do Mali nos últimos cinco anos, não esconde a sua impaciência perante a necessidade de um retorno à paz no Mali e espera que o próximo Chefe de Estado maliano saiba pôr fim a disseminação da violência islamista, que se alastrou do norte para o centro e o sul do país africano, assim como ao Burkina Faso e ao Níger.
Segundo os analistas, é também preocupante o facto de que a violência jihadista tem contribuído para desencadear tensões inter-étnicas. Os malianos da etnia dogon, acusados por outras comunidades de ajudar os islamistas, começaram a ser objecto de perseguições no Mali.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro