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Política/Mali

Mali vai a votos no domingo

Com 41% dos votos na primeira volta do escrutínio, o Presidente vigente Ibrahim Boubacar é o grande favorito da eleição presidencial maliana que terá o seu desfecho domingo. Ele rejeitou as acusações de fraude que foram feitas pelo seu único adversário, Soumaïla Cissé. Na primeira volta, Cissé obteve apenas 17,8% dos sufrágios. Numa entrevista à RFI, Ibrahim Boubacar Keita, defendeu o seu governamental e sublinhou que embora seja favorito da eleição não significa que ele já assegurou um segundo mandato presidencial.

Ibrahim Boubacar Keita ( à esquerda )defronta  Soumaïla Cissé (à direita D), na segunda volta da eleição presidencial no dia 12 de Agosto de 2018.
Ibrahim Boubacar Keita ( à esquerda )defronta Soumaïla Cissé (à direita D), na segunda volta da eleição presidencial no dia 12 de Agosto de 2018. Issouf SANOGO, Sia KAMBOU / AFP
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Actualmente confrontado com a ameaça jihadista, não obstante cinco anos de operações militares internacionais, o Mali volta às urnas no domingo, segunda volta da eleição presidencial que terá como contendores, o Presidente vigente Ibrahim Boubacar Keita e o opositor Soumaïla Cissé.

Keita que obteve na primeira volta do escrutínio 41,4% dos votos, uma vantagem confortável se considerarmos que o seu rival, Cissé, beneficiou apenas de 17,8%, não soube unir as forças políticas da alternância.

Ibrahim Boubacar Keita, desfruta do favoritismo na eleição presidencial de domingo, mas em caso de vitória ele terá, a partir de Setembro, a difícil tarefa de relançar o acordo de paz de Argel, concluído em 2015 pelo governo e os ex-rebeldes, dominados pelos tuaregues, cuja implementação acumula atrasos.

O acordo foi assinado depois da intervenção de forças francesas que, em 2013, retomaram o controlo do norte do Mali, onde os jihadistas impuseram a lei islâmica (Charia) durante um ano.

Numa entrevista à RFI, o Presidente, candidato à um segundo mandato, Ibrahim Boubacar Keita, afirmou que a perspectiva de uma vitória na eleição de domingo, não significa, de forma alguma, um seguro contra todos os riscos.

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Ibrahim Boubacar Keita 10 08 2018

"Isso não significa que se trata de um seguro contra todos os riscos. Mas estou confiante e sereno. Quer dizer que, não obstante alguns problemas, o processo é de uma transparência e credibilidade e que num total de 24 candidatos eu consegui obter um resultado importante.

Eu nunca disse que iria vencer por KO aos meus adversários e triunfar imediatamente. É verdade, que todas as mesas de voto não funcionaram, mas foram só 3%, contrariamente ao que se passou nas eleições autárquicas em que 8% não abriram.

Por isso registaram-se progressos consideráveis, que nós vamos tentar amplificar, de forma a reduzir ainda mais o número de mesas de voto que não funcionaram por falta de condições de acesso ou por razões de segurança, que nós tentaremos resolver", afirmou Ibrahim Boubacar Keita

Soumaila Cissé volta a disputar, como em 2013, a segunda volta das eleições presidenciais malianas perante Ibrahima Boubakar Keita. Cissé obteve 17,8% dos votos na primeira volta e, em entrevista a Christophe Boisbouvier, alega não estar preocupado com o atraso em relação aos mais de 41% dos votos obtidos pelo presidente cessante no primeiro turno.

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Soumaila Cissé candidato às eleições presidenciais

"Não estou preocupado com os pontos em atraso, pois sei que esses pontos foram obtidos com fraude. É por isso que eu penso que - honestamente - com uma melhor mobilização, podemos inverter a tendência. Quando há mesas de voto onde se registam 9.898 votos pelo Presidente, um voto para mim, e zero para todos os outros, devemos interrogar-nos. Quando o Presidente progride de 80% em certos feudos seus no Norte, podemos interrogar-nos. Quando, nas zonas onde tradicionalmente sempre ganhei, proíbem as pessoas de ir votar, creio que podemos perguntar porquê? Um partido como o URD, que é um grande partido, não faz política da cadeira vazia. Hoje, pedimos o acompanhamento da comunidade internacional, em particular da Minusma, nas zonas controladas pela rebelião. Sabendo que houve votação neste ou naquele lugar, é preciso que se possa assistir a isso. Nós pedimos à CEDEAO que envie observadores para todas as mesas de voto para que esta eleição seja credível", afirmou Soumaila Cissé

A comunidade internacional, que tem acompanhado a evolução do Mali nos últimos cinco anos, não esconde a sua impaciência perante a necessidade de um retorno à paz no Mali e espera que o próximo Chefe de Estado maliano saiba pôr fim a disseminação da violência islamista, que se alastrou do norte para o centro e o sul do país africano, assim como ao Burkina Faso e ao Níger.

Segundo os analistas, é também preocupante o facto de que a violência jihadista tem contribuído para desencadear tensões inter-étnicas. Os malianos da etnia dogon, acusados por outras comunidades de ajudar os islamistas, começaram a ser objecto de perseguições no Mali.

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