Acesso ao principal conteúdo
Sudão

Sudão: autoridade de aviação civil mantém espaço aéreo encerrado

A Autoridade de Aviação Civil do Sudão anunciou esta segunda-feira que irá prolongar o encerramento do espaço aéreo do país até ao final do mês. Este conflito entre os dois generais mais poderosos do país já provocou milhares de mortos e milhões de deslocados. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, estima que este conflito está a escalar para uma guerra civil com potencial de desestabilizar toda a região.

A Autoridade de Aviação Civil do Sudão anunciou esta segunda-feira que irá prolongar o encerramento do espaço aéreo do país até ao final do mês de Julho.
A Autoridade de Aviação Civil do Sudão anunciou esta segunda-feira que irá prolongar o encerramento do espaço aéreo do país até ao final do mês de Julho. via REUTERS - MINISTERO DELLA DIFESA
Publicidade

"A autoridade de Aviação Civil emitiu uma nota para os pilotos (NOTAM) prolongando o encerramento do espaço aéreo sudanês para todo o tráfego até 31 de Julho de 2023", anunciou a conta do Aeroporto Internacional de Cartum, no Sudão, no Twitter. Este aeroporto converteu-se na principal arena de combate entre o exército regular e as forças paramilitares de Apoio Rápido (RSF).

De acordo com o mesmo comunicado esta situação não se aplica aos voos de ajuda humanitária ou de evacuação, desde que obtenham a permissão das autoridades competentes. Encerrado desde 15 de Abril, quando os confrontos eclodiram, o espaço aéreo sudanês foi fechado sucessivamente para evitar que aviões civis e de ajuda humanitária fossem derrubados, à semelhança do que aconteceu com um avião do exército regular na semana passada.

Importante activo estratégico, o encerramento do aeroporto internacional paralisou o Sudão até à transferência provisória da sede do governo interino e das agências humanitárias para a cidade de Porto Sudão, no leste do país, para facilitar as operações de evacuação e chegada de ajuda.

Até à data, nenhuma das partes pretende negociar um novo cessar-fogo. Face a esta situação a diplomacia egípcia anunciou a realização de uma cimeira para discutir as possíveis formas de pôr um fim ao conflito.

O porta-voz da Presidência egípcia, Ahmed Fahmy, afirmou que a cimeira vai trabalhar para desenvolver formas eficazes, com a participação dos países vizinhos, de resolver pacificamente a crise no Sudão, em coordenação com outros métodos regionais e internacionais para resolver a crise.

O representante crescentou ainda que a cimeira resulta do desejo do Presidente Abdel Fattah al-Sisi de estabelecer uma visão unida para os países imediatamente vizinhos do Sudão e de tomar medidas para resolver a crise e "pôr termo ao derramamento de sangue, preservar a estabilidade do Sudão e reduzir o impacto negativo contínuo da crise nos países vizinhos e na segurança e estabilidade da região no seu conjunto".

O ministro da Saúde, Haitham Mohammed Ibrahim, disse em Junho que os confrontos mataram mais de três mil pessoas e feriram mais de seis mil, além das mais de 2,9 milhões de pessoas que fugiram de suas casas para outras zonas, segundo as estimativas conservadoras das Nações Unidas.

De acordo com Farhan Haq, vice-porta-voz do secretário-geral da ONU citado pela AP (Associated Press), o secretário-geral António Guterres afirmou no domingo que a guerra entre o exército sudanês e uma força paramilitar poderosa poderá destabilizar toda a região, na sequência de um bombardeamento que matou 22 pessoas em Omdurman, uma cidade no rio Nilo perto de Cartum.

Líderes da África Oriental pedem cessar-fogo e cordão humanitário

Reunidos em Adis Abeba, na Etiópia, oito líderes da África Oriental imploraram a ambas as partes que cheguem a um acordo de cessar-fogo, além de pedir o estabelecimento de um cordão humanitário ao redor de Cartum, capital do país.

"Os Estados do comité de mediação da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD) Quénia, Etiópia, Djibuti e Sudão do Sul - imploram às partes em conflito que declarem e respeitem um cessar-fogo incondicional e estabeleçam uma zona humanitária com um raio de 30 quilómetros em torno de Cartum", declarou o Presidente queniano, William Ruto, na rede social Twitter.

O bloco regional convidou os dois generais adversários, o chefe do exército sudanês, Abdel Fattah al-Burhan e Mohamed Hamdan Daglo “Hemedt”, comandante das forças paramilitares de apoio rápido (RSF). Nenhum dos dois líderes participou das conversações, embora as RSF tenham enviado um representante à reunião do quarteto, liderado pelo Quénia, Sudão do Sul, Djibouti e Etiópia.

Quanto ao governo interino, liderado pelo general al-Burhan, nenhum representante compareceu à mesa de negociações. O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Sudão declarou esta segunda-feira que a sua delegação não participaria das reuniões enquanto o Presidente do Quénia, William Ruto, estiver presente. O exército regular alega que Nairóbi “adoptou posições da milícia RSF, abrigou os combatentes e ofereceu várias formas de apoio”.

Num comunicado divulgado após a reunião, o grupo admite que pretende solicitar à União Africana que estudasse a possibilidade de enviar a Força de Reserva da África Oriental, - normalmente encarregada de missões de observação eleitoral – para o Sudão, para “a protecção dos civis e acesso humanitário”.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.