Inundações na RDC provocam 401 mortos
401 mortos e vários feridos, eis o balanço das recentes inundações que assolaram diferentes localidades do território de Kalehe, na Província do Kivu-Sul. As autoridades anunciaram esse balanço na segunda-feira à noite sem abordar a questão dos desaparecidos. No entanto em Kalehe, famílias ainda continuam na expectativa de rever entes queridos de que não têm notícias.
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Quatro dias após as inundações na República Democrática do Congo, as famílias e os socorros ainda tentam encontrar as pessoas desaparecidas.
O balanço, que ainda é provisório, atingiu os 400 mortos, mas ainda há muitas pessoas que não foram localizadas e o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários - OCHA - admitiu que cerca de 3 000 famílias estão sem nenhum abrigo.
Alpha Safari, habitante de Bushushu, declarou à AFP - Agência Francesa de Notícias - que perdeu doze membros da família, cinco foram enterrados e sete ainda não foram encontrados.
Numa situação ainda mais complicada se encontra Asumani Rugwiza, 43 anos, que perdeu 20 membros da família e ainda espera recuperar todos os corpos.
Após as inundações, a terra começa a secar e vê-se jovens a tentar encontrar sobreviventes ou corpos que estão debaixo da lama.
Outros, sem abrigo, estão no porto de Nyamukubi, crianças e adultos que para alguns não comem há cinco dias e a água não é potável na zona. Delphin Habamungu, 30 anos, ficou sem nada e admitiu que há um sério risco de «se morrer de fome e de sede».
Entretanto a delegação governamental encaminhou comida e caixões para os mortos. 200 pessoas já foram enterradas, 100 ainda estão à espera, e isso acaba por ser um problema porque podem aparecer doenças.
Patrick Muyaya, porta-voz do Governo congolês, admitiu que as autoridades vão tentar ajudar a população, mas também quer fazer prevenção quanto à construção de casas em zonas de risco.
“A equipa governamental chegou para fazer o ponto da situação, para ver como é possível encontrar os compatriotas que desapareceram, mas claro que, com o passar do tempo, há cada vez menos esperança. Mas depois disto tudo, medidas têm de ser tomadas. A dificuldade é que, quando se tomam medidas, como por exemplo não construir em certas zonas, essas pessoas vão construir nessas mesmas zonas. Mas depois, quando há mortes, é novamente a responsabilidade do Governo, que acaba por ser apontado como responsável”, frisou Patrick Muyaya.
De referir que a Cruz-Vermelha está no terreno, mas afirma que os centros de acolhimento para os deslocados estão numa situação complicada e médicos de outras regiões até foram chamados pelo Governo para prestar assistência.
Crónica sobre a RDC 09-05-2023
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