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Emmanuel Macron

Emmanuel Macron regressa à ofensiva em África

O Presidente francês inicia esta quarta-feira, 1 de Março, um périplo ao Gabão, Angola, Congo-Brazzaville e RDC. O objectivo: contrariar a crescente influência da China e da Rússia, renovando laços com o continente africano.

Emmanuel Macron regressa à ofensiva em África.
Emmanuel Macron regressa à ofensiva em África. AP - Stefano Rellandini
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A agenda do chefe de Estado francês é apertada, Emmanuel Macron vai estar até domingo, 5 de Março, em quatro países da África Central. No Gabão, o chefe de Estado francês marca presença numa cimeira dedicada à protecção das florestas equatoriais e vai tentar reforçar laços bilaterais numa esfera de influência cada vez mais disputada.

Em Libreville, no Gabão, nos dias 1 e 2 de Março, o Presidente francês participa na cimeira One Forest Summit, encontro dedicado à preservação e à valorização das florestas da bacia do rio Congo, anunciou o Eliseu.

Um país francófono que aderiu em 2022 à organização anglófona da Commonwealth, tal como o Togo.

Destaques do périplo à África Central de Emmanuel Macron

Com 220 milhões de hectares de floresta, a Bacia do Congo representa a segunda maior área florestal e o segundo pulmão ecológico do planeta, depois da Amazónia, expendendo-se por vários países: República Democrática do Congo, Congo-Brazzaville e Gabão. 

Da África ao Brasil e ao Sudeste Asiático, estas florestas estão ameaçadas pela sobre exploração agrícola e industrial e, em alguns casos, pela produção de petróleo.

Com esta visita, Emmanuel Macron pretende intensificar as relações com países não apenas francófonos. E contempla uma etapa lusófona, com a deslocação a Luanda a 2 de Março, onde está previsto o lançamento de uma parceria franco-angolana na produção agrícola.

O chefe de Estado francês continua o périplo em Brazzaville, no Congo, e na República Democrática do Congo. Em Kinshasa, a viagem vai ser dedicada a “aprofundar as relações franco-congolesas em sectores como a educação, saúde, investigação, cultura e defesa”, indicou a Presidência francesa.

Um presidente ultrapassado pelas realidades no terreno

Esta viagem acontece numa altura em que a França perde influência no continente africano para a Rússia e para o seu grupo de mercenários russos Wagner em vários países francófonos, nomeadamente no Mali e na República Centro-Africana.

Em Julho, Emmanuel Macron, que quer fazer de África uma das prioridades do seu segundo quinquénio, esteve nos Camarões, Benim e na Guiné-Bissau.

Em plena guerra na Ucrânia, o Presidente francês acusou a Rússia de ser "uma das últimas potências imperiais coloniais" e de travar uma nova forma de "guerra híbrida" no mundo. Vários países do hemisfério sul, em particular no continente africano, estão preocupados em preservar os próprios interesses, considerando que esta guerra não é deles, recusaram-se a tomar posição sobre a ofensiva russa que já dura há um ano na Ucrânia.

Se durante o primeiro mandato o Presidente Emmanuel Macron demonstrou a vontade de evitar a tradicional enquadramento francês na África Ocidental e Central, a situação mudou neste segundo mandato e fica marcado por um regresso ao investimento nos países até agora evitados.

O objectivo é defender os interesses franceses e renovar os laços políticos, económicos e de segurança com os seus parceiros tradicionais, também cortejados pela China, Rússia, Turquia e até países do Golfo. Uma urgência porque além da China ou da Rússia, também há competição entre os países europeus. O Gabão e o Togo integraram recentemente, a organização da Commonwealth em 2022.

Esta viagem levantou descontentamento da parte da sociedade civil gabonesa e da oposição, a faltarem seis meses para as eleições presidenciais marcadas para finais de Agosto.

A oposição suspeita que Emmanuel Macron queira levar, através desta visita, o seu apoio a Ali Bongo Ondimba, no poder desde 2009 e cuja reeleição em 2016 ainda é contestada.

A mesma suspeita pode pesar sobre a viagem do chefe de Estado francês à República Democrática do Congo, onde se devem realizar eleições presidenciais em Dezembro.

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