A junta militar do Burkina Faso ordena a expulsão da coordenadora local da ONU
A junta militar no poder no Burkina Faso declarou a coordenadora da ONU no país, Barbara Manzi, 'persona non grata’ e ordenou que "deixe o país" a partir desta sexta-feira. O executivo acusa a responsável onusiana de origem italiana de ter tomado decisões que "lançam o descrédito" sobre este país que está a braços com a violência de grupos criminosos e terroristas desde 2015.
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"Barbara Manzi, coordenadora residente do sistema das Nações Unidas é declarada ‘persona non grata' no território do Burkina Faso" informou hoje o executivo do país em comunicado.
O governo burquinabê justifica a decisão de expulsar Barbara Manzi nomeadamente pelo facto de ela ter decidido "unilateralmente" retirar de Ouagadougou funcionários não essenciais da ONU.
A chefe da diplomacia burquinabê, Olivia Rouamba, considera que isto "lança o descrédito, mancha a imagem do país e pode desencorajar potenciais investidores", daí que o governo "tinha de tomar as suas responsabilidades" perante algo "inconcebível".
A ministra dos Negócios Estrangeiros do Burkina Faso menciona ainda que o executivo teve eco de que a responsável onusiana "estava a prever o caos no país nos próximos meses, sem que se saiba em que base sustentava" as suas afirmações. "Grandes esforços estão ser feitos no tocante à segurança e a ONU deveria funcionar como uma estrutura de apoio", argumenta Olivia Rouamba.
Fontes diplomáticas no país avançam ainda que existe uma «longa lista de recriminações contra a coordenadora da ONU no Burkina, esta responsável sendo suspeita de "ter uma influência negativa" e de "se imiscuir nos assuntos políticos" do país.
Esta expulsão acontece poucos dias depois do país ter expulsado dois cidadãos franceses acusados de espionagem.
No começo do mês, no dia 5 de Dezembro, as autoridades burquinabês suspenderam a transmissão das emissões da RFI em francês, a emissora tendo sido acusada de ter difundido nas suas antenas informações falsas sobre a actualidade do país. Algo desmentido pela direcção da rádio.
O Burkina Faso não é o único país da região a ter expulsado um responsável das Nações Unidas este ano. No passado mês de Julho, o Mali que também está confrontado com a violência jihadista, expulsou o então porta-voz da missão da ONU por ter publicado "informações inaceitáveis" na sequência da detenção de 49 soldados marfinenses em Bamako.
Palco de dois golpes de Estado este ano, o Burkina Faso é dirigido desde finais de Setembro pelo capitão Ibrahim Traoré. Desde 2015, o país tem sido desestabilizado pela multiplicação dos ataques terroristas que provocaram milhares de mortos e cerca de 2 milhões de deslocados.
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