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Chade

Chade sob tensão e em choque depois de manifestações reprimidas

A tensão diminuiu parcialmente no Chade, dois dias depois de manifestações que tiraram a vida a cerca de 50 pessoas e determinaram a suspensão das actividades da oposição. Os protestos decorreram em diferentes cidades, além da capital N'Djamena, e fizeram "mais de 300" feridos, segundo o primeiro-ministro Saleh Kebzabo, que decretou o recolher obrigatório entre as 18h e as 6h em várias localidades até o "restabelecimento total da ordem".

Chade sob tensão e em choque depois de repressão das manifestações.
Chade sob tensão e em choque depois de repressão das manifestações. © HYACINTHE NDOLENODJI via REUTERS
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 As manifestações foram convocadas pela oposição contra a prorrogação do período de transição política para um sistema democrático e a permanência no poder de Mahamat Idriss Déby Itno, chefe de uma junta militar.

A União Africana condenou "veementemente" a repressão às manifestações. A União Europeia lamentou as "graves violações da liberdade de expressão e de manifestação que dificultam o processo de transição".

O general Deby, de 38 anos, chegou ao poder em Abril de 2021, depois dopai, Idriss Deby Itno, ter morrido numa operação contra rebeldes, depois de ter dirigido país durante três décadas.

A junta militar dissolveu o Parlamento e o governo e prometeu "eleições livres e democráticas" após uma transição de 18 meses renovável apenas uma vez. 

Descrição da violência registada na capital N'Djamena

"Caíram na minha frente": depois de um dia de confrontos que ficaram cerca de cinquenta mortos e mais de 300 feridos durante manifestações contra o poder no Chade, os moradores de N'Djamena, capital e epicentro do protesto, descreveram à Agência France Presse a violência que viveram.

Várias manifestações contra o prolongamento do período de transição e a manutenção no poder de Mahamat Idriss Déby Itno, conduziram a um desencadeamento de violência sem precedentes durante várias horas na capital e nalgumas cidades do país, fazendo "cinquenta" mortos e "mais de 300 feridos", segundo o governo.

Desde o início da semana foram lançados apelos para manifestações pacíficas, em particular pela plataforma de oposição Wakit Tamma e pelo partido Les Transformateurs, liderado por Succès Masra, um dos principais opositores políticos de Déby.

No dia anterior aos protestos violentos, "vi carros da polícia estacionarem numa rotunda perto da minha casa. Achei que fizesse parte das patrulhas de rotina e por volta das 4 da manhã comecei a ouvir tiros, não sabia de onde vinha",  explica Djim Toide, 75 anos, reformado e residente no distrito de Moursal, a sul da capital.

"O fumo invadiu a minha residência e, depois de uma certa calmaria, o tiroteio recomeçou, então saí para a rua para observar, vi jovens a correr por toda parte, perseguidos pela polícia", relata um antigo professor, descrevendo os "bloqueios" de estrada e o apedrejamento de manifestantes, que respondiam ao gás lacrimogêneo disparado pela polícia.

Acordado às 2 da manhã pelos "assobios dos manifestantes", Remadji Allataroum, estudante da Universidade de N'Djamena, não conseguiu dormir. De madrugada, “os manifestantes saíram do nada, invadiram as estradas e cantaram + justiça, igualdade +”, recorda.

No seu bairro de Abena (sul de N'Djamena), o ambiente ficou tenso por volta das 6h00, quando a polícia interveio para dispersar manifestantes, prossegue a jovem de 25 anos. Após uma breve retirada da polícia por volta das 7 horas, "os manifestantes aproveitaram para erguer barricadas, queimar pneus, continuaram a cantar", descreve.

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