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Mali

"Perigo" em Bamako aumenta com retirada dos militares franceses do Mali

As forças francesas abandonaram definitivamente na segunda-feira o Mali, deixando os habitantes receosos do avanço dos terroristas face à junta militar, numa altura em que se multiplicam os avisos para que os estrangeiros residentes no país não saiam de casa à noite nem se coloquem em situações de perigo.

Nas ruas de Bamako há apoio à junta militar enquanto que as vozes mais críticas hesitam em se fazer ouvir devido a uma clima de ameaça.
Nas ruas de Bamako há apoio à junta militar enquanto que as vozes mais críticas hesitam em se fazer ouvir devido a uma clima de ameaça. AFP - FLORENT VERGNES
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"Ontem, pela manhã, os militares franceses deixaram o Mali, a zona de Gao. O que se tem verificado é que, nestes últimos tempos, tem havido um aumento da ocupação de território por parte dos terroristas aqui no Mali. Chegaram mesmo aqui a Bamako e ocuparam o quartel de Kati, coisa que não se verificava anteriormente", relatou em declarações à RFI um empresário lusófono que prefere não ser identificado.

A operação francesa Barkhane chegou a ter mais de 5 mil operacionais, com a maioria a estar no Mali, tendo como principal quarte-general a base em Gao. O fim da operação foi anunciada em Junho de 2021, dias após um novo golpe de Estado que instalou a junta militar no poder, visando a redução do contingente francês e a cooperação no terreno com outros países europeus através da operação Takuba.

No entanto, a França decide retirar-se completamente do Mali em Fevereiro deste ano, após a junta militar ser mais favorável ao apoio vindo de Moscovo com as forças Wagner. Para o Coronel Gastine, que ontem coordenou as operações de retirada do Mali, cabe agora às forças malianas travarem o avanço dos terroristas no país.

"É importante que as forças malianas se possam instalar e possam resistir aos ataques [dos terroristas]. Deixamos este campo tal como o utilizámos durante anos, completamente funcional, com defesas que vão permitir às forças malianas de continuar a lutar contra os jihadistas", disse o militar francês à jornalista da RFI, Mounia Daoudi, que acompanhou a saída dos militares franceses.

Em Bamako, os residentes estrangeiros já vivem em insegurança permanente, com a Embaixada dos Estados Unidos e a Embaixada de França a aconselharem os seus nacionais a abandonarem o país.

"Tem havido comunicados para que os estrangeiros residentes em Bamako que tenham atenção, que não saiam à noite e para se precaverem contra todo o tipo de perigo que possa existir. Esse tipo de atitudes e de comunicados para ter atenção não fazia sentido porque não havia perigo e hoje nota-se que existe mais perigo", indicou o empresário lusófono.

Para o coronel francês, fica agora uma vazio no país sem as forças francesas. Uma situação que pode ser aproveitada pelos terroristas.

"A partida da operação de Barkhane vai deixar um vazio, expero só uma coisa: que o poder maliano tome nas suas mãos a iniciativa de lutar contra os jihadistas. eles vão continuar tentar levar a cabo a sua obra maléfica", lamentou.

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