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Quénia

William Ruto declarado vencedor das presidenciais do dia 9 de Agosto no Quénia

O vice-presidente cessante William Ruto foi declarado vencedor das eleições do passado dia 9 de Agosto com 50.4% dos votos face ao seu rival da oposição, Raila Odinga, que obteve 48.85% dos votos, segundo resultados anunciados hoje pelo Presidente da Comissão Eleitoral mas rejeitados por 4 dos 7 membros deste órgão independente.

William Ruto, depois de ter sido confirmada a sua vitória nas presidenciais, em Nairobi, no dia 15 de Agosto de 2022.
William Ruto, depois de ter sido confirmada a sua vitória nas presidenciais, em Nairobi, no dia 15 de Agosto de 2022. REUTERS - THOMAS MUKOYA
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“De acordo com a lei, declaro que Ruto William Samoei foi devidamente eleito Presidente”, declarou Wafula  Chebukati ao especificar que William Ruto acumulou mais de 7,17 milhões de votos, ou seja 50,49% dos votos, contra 6,94 milhões de votos a favor do líder da oposição Raila Odinga que, desta feita, recolheu 48,85% dos escrutínios.

Num clima de forte expectativa e também de grande tensão num país extremamente dividido politicamente e onde as violências pós-eleitorais chegaram a ser particularmente fortes, o Presidente da Comissão Eleitoral mencionou ainda ter sido alvo de “intimidação e assédio”.

Pouco antes de o Presidente da Comissão Eleitoral confirmar a vitória de Ruto, 4 dos 7 membros deste órgão deram uma conferência de imprensa num hotel de Nairobi para anunciar que rejeitavam de antemão estes resultados. "Devido à natureza opaca do processo, não podemos responsabilizar-nos pelos resultados que vão ser anunciados", declarou em nome dos 4 membros da Comissão Eleitoral, a vice-presidente do órgão, Juliana Cherera, ao apelar a população a manter a calma.

Este apelo, contudo, não foi totalmente ouvido, uma vez que se deram incidentes em alguns bairros de Nairobi, nomeadamente Mathare e Kibera, dois feudos de Odinga, logo após o anúncio da vitória de Ruto. Em Kisumu, outra localidade maioritariamente favorável ao chefe da oposição, a polícia acabou por dispersar os manifestantes com gás lacrimogéneo.

O anúncio dos resultados das presidenciais marca uma nova etapa num processo eleitoral atípico, com o Presidente cessante Uhuru Kenyatta de quem Ruto era o braço-direito, a optar por apoiar o peso pesado da oposição, Raila Odinga, 77 anos, o seu rival nestas eleições.

Apesar deste quadro, aos 55 anos, William Ruto, filho de uma família humilde do Vale do Rift que acumulou uma das maiores fortunas do seu país e se assume como um "self-made man", está prestes a tornar-se o quinto presidente do Quénia.

“Não há volta atrás possível” afirmou William Ruto ao declarar que “vai precisar de todos para avançar”.

Durante a campanha, Odinga e Ruto comprometeram-se a respeitar os resultados eleitorais e a resolver os possíveis contenciosos pela via legal e não pela violência. Na eventualidade de Raila Odinga optar por impugnar os resultados, ele tem sete dias para fazê-lo. Caso contrário, Ruto deveria tomar posse no prazo de duas semanas.

Embora o Quénia seja considerado um motor político e económico ao nível regional, este país não deixa de ter conhecido episódios particularmente difíceis aquando de anteriores eleições.

Desde 2002, todas as presidenciais são sistematicamente contestadas, sendo que em 2017, após um recurso de Odinga, o Supremo Tribunal chegou mesmo a anular as eleições daquele ano dada a dimensão das fraudes imputadas ao processo.

Além deste caso inédito em África, o Quénia foi igualmente palco de violências pós-eleitorais no período 2007-2008 que provocaram mais de 1.100 mortos e milhares de deslocados.

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