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Burkina Faso

3 dias de luto nacional no Burkina Faso depois de massacres no norte do país

As autoridades do Burkina Faso decretaram ontem 3 dias de luto nacional desde esta terça-feira depois do massacre perpetrado por homens armados desconhecidos no passado fim-de-semana em Seytenga, aldeia do norte do país, onde segundo um último balanço estabelecido hoje pelo governo, 79 civis foram assassinados.

Um soldado burkinabé efectua o patrulhamento do campo de Goudebo em Dori, no nordeste do Burkina Faso, no dia 3 de Fevereiro de 2020. (imagem de ilustração)
Um soldado burkinabé efectua o patrulhamento do campo de Goudebo em Dori, no nordeste do Burkina Faso, no dia 3 de Fevereiro de 2020. (imagem de ilustração) AFP - OLYMPIA DE MAISMONT
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"Foram encontrados 29 novos corpos que vêm juntar-se aos cinquenta cadáveres já encontrados, elevando para 79 o número provisório de vítimas das chacinas", indicou hoje um comunicado de imprensa do governo especificando que as buscas estão a prosseguir, o executivo não excluindo que o balanço deste massacre ocorrido na noite de sábado para domingo possa ser mais importante.

Ao estimar igualmente que o número de vítimas poderia ser mais elevado e ultrapassar a centena, a União Europeia, presente militarmente na região no âmbito da luta contra o jihadismo, condenou o sucedido e reclamou que se "esclareçam as circunstâncias desta chacina", o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, considerando que "o método usado pelo grupo terrorista responsável pelo ataque, ou seja, a execução sistemática de qualquer pessoa encontrada na localidade, é terrível".

Antes deste massacre, Seytenga já tinha sido palco na passada quinta-feira do assassinato de 11 agentes da polícia, o exército afirmando ter morto cerca de 40 jihadistas na sequência desse ataque, sendo que na óptica das autoridades do Burkina, o massacre do passado fim-de-semana poderá ter sido uma acção de represálias por parte dos grupos armados.

Para além das vítimas mortais deste ataque, organizações humanitárias locais indicam que 3 mil pessoas tiveram que fugir da localidade e encontraram refúgio em aldeias vizinhas.

Trata-se desde já de um dos mais graves ataques registados no país desde a chegada da junta militar ao poder no passado mês de Janeiro. Ao derrubar o antigo Presidente Roch Marc Kaboré, acusado de ineficácia na luta contra o jihadismo, a junta militar colocou entre as suas prioridades a luta contra os grupos armados cujos ataques se têm multiplicado no país desde 2015.

Contudo, depois de uma curta acalmia, registou-se um recrudescimento da violência nos últimos 3 meses, com um balanço de cerca de 300 mortos entre civis e militares. A zona norte juntamente com o leste do país, na fronteira com Mali e Níger, faz parte das regiões mais flageladas pela violência jihadista.

Perante esta situação, no sábado, várias centenas de pessoas manifestaram em Pama, no leste do país para denunciar o "abandono" desta parte do país que consideram como estando "sitiada" pelos grupos jihadistas.

Efectivamente, desde Fevereiro, as linhas telefónicas e de fornecimento de energia foram cortadas pelos grupos armados que também controlam os principais eixos dessa parte do país, vários municípios do norte e do leste, como Djibo, Titao ou Madjoari, se encontrando bloqueados.

"As nossas tropas estão sobrecarregadas, sob pressão constante", admitiu ontem o porta-voz do exército do Burkina, Lionel Bilgo.   

Nos últimos 7 anos, os ataques atribuídos a jihadistas provocaram a morte de mais de 2 mil pessoas e quase dois milhões de deslocados neste país que segundo o ACLED, órgão de análise de conflitos, sofreu mais ataques mortais em 2021 do que o Mali e o Níger, também palco de ataques constantes.

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