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Mali

Chefe da diplomacia francesa convocado pela justiça maliana

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Yves Le Drian, foi convocado pela justiça maliana no âmbito de uma investigação por "danos contra bens públicos e outros delitos", soube-se ontem em Bamaco. Isto sucede num altura em que as relações bilaterais têm estado a atravessar um momento de tensão.

Chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian.
Chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian. © RFI/France 24
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Apesar do Ministério Francês dos Negócios Estrangeiros indicar até ao momento não ter recebido nenhuma notificação formal neste sentido, o polo económico e financeiro de Bamaco indica ter convidado o chefe da diplomacia francesa a comparecer no próximo dia 20 de Junho para prestar depoimento na sequência de uma queixa apresentada por uma plataforma agregando várias associações da sociedade civil maliana denominada "Maliko" ("A causa do Mali"), entidade próxima da junta militar actualmente no poder no país.

Segundo uma fonte judicial, o caso levantado pela referida plataforma relaciona-se com a adjudicação em 2015 de um contrato para o fabrico de passaportes malianos a uma empresa francesa que teria um elo com o filho de Le Drian que, na altura dos factos mencionados, era Ministro da Defesa. De acordo com esta fonte, a justiça maliana estaria a tentar determinar que papel Jean-Yves Le Drian poderá ter desempenhado neste dossier, sobre o qual a plataforma Maliko acredita que houve violação das regras do código de contratação pública em vigor no país.

Esta convocação surge num momento em que as relações entre Paris e Bamaco são tensas. Depois de se envolver militarmente desde 2012 na luta contra o jihadismo no Mali, a França anunciou recentemente a sua intenção de retirar as suas tropas do país e concentrar os seus esforços noutras zonas do Sahel, uma decisão cujo calendário de execução poderia ser apressado pelo anúncio na semana passada da intenção do Mali romper os seus acordos de cooperação em matéria de Defesa com a França e com a União Europeia.

A junta que se instalou no poder no ano passado, na sequência do segundo golpe militar ocorrido em Maio de 2021, tem sido acusada pela França e pelos Estados Unidos de recorrer aos serviços de milícias do grupo russo ‘Wagner’, uma entidade próxima do Kremlin cujos mercenários são suspeitos de exacções nomeadamente na República Centro-Africana.

Indício do grau da desconfiança reinante entre a França e o Mali, no passado mês de Abril, o Estado-maior francês divulgou vídeos do que afirma serem mercenários russos a enterrar corpos junto da base de Gossi, no centro do país, no intuito de acusar de crimes de guerra as forças francesas que se retiraram recentemente dessa base.

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