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Estado emergência/Etiópia

Etiópia: ONU admite "crimes contra a humanidade" no conflito do Tigray

A Etiópia declarou ontem estado de emergência no país após tropas da região do Tigray terem conquistado duas cidades próximas da capital, Adis Abeba. A ONU também já veio admitir a existência de crimes contra a humanidade no país.

Foto de arquivo de mulheres tigrarianas (Tarik, 60, centro, e Meresaeta) que fugiram da cidade de Samre, torram grãos de café sobre um fogão a lenha em uma sala de aula onde agora vivem na Escola Secundária Hadnet General, que se tornou um lar improvisado para milhares de pessoas deslocadas pelo conflito, em Mekele, na região de Tigray, no norte da Etiópia.
Foto de arquivo de mulheres tigrarianas (Tarik, 60, centro, e Meresaeta) que fugiram da cidade de Samre, torram grãos de café sobre um fogão a lenha em uma sala de aula onde agora vivem na Escola Secundária Hadnet General, que se tornou um lar improvisado para milhares de pessoas deslocadas pelo conflito, em Mekele, na região de Tigray, no norte da Etiópia. AP - Ben Curtis
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Os guerrilheiros separatistas da Frente Popular de Libertação do Tigray reivindicaram, nos últimos dias, a tomada de duas importantes cidades, Dessie e Kombolcha, segundo avançou a agência de notícias France Press, no entanto, esta informação ainda não foi confirmada oficialmente pelo governo etíope.

As autoridades etíopes já pediram aos habitantes para registarem as suas armas de fogo e se prepararem para ajudar a defender a capital.

"Todos os residentes devem organizar-se em blocos e bairros para proteger a paz e a segurança nas suas áreas, em coordenação com as forças de segurança", referiu Kenea Yadeta, chefe do departamento de paz e segurança da Etiópia.

No caso de se confirmar este avanço dos líderes rebeldes, abre-se uma nova etapa nesta guerra civil que dura há mais de um ano no país e que, segundo a ONU, já levou cerca de 400 mil pessoas a uma situação de fome.

A violência do conflito no Tigray já levou mesmo a Organização das Nações Unidas a admitir que existem "crimes contra a humanidade", de que são exemplos ataques contra civis, actos de tortura, sequestros e violência sexual.

"Existem razões para acreditar que todas as partes em conflito na região do Tigray cometeram, em vários níveis de gravidade, violações contra o direito internacional, direito humanitário e direito internacional dos refugiados, o que pode constituir crimes de guerra ou crimes contra a humanidade", pode ler-se no relatório da ONU. 

O documento é relativo ao período compreendido entre 3 de Novembro de 2020, altura em que se desencadeou o conflito no país e 28 de junho, data do cessar-fogo assumido por Adis Abeba.

De salientar que as Nações Unidas têm tido muita dificuldade em enviar ajuda humanitária para Tigray e já acusaram o governo central de bloquear o processo, o que levou Adis Abeba a expular 7 quadros da ONU que trabalhavam na Etiópia.

António Guterres pede "cessar imediato das hostilidades"

António Guterres, secretário-geral da ONU, já pediu a "cessação imediata das hostilidades e acesso humanitário sem obstáculos, para fornecer ajuda vital urgente" ao país, segundo avançou o seu porta-voz, Stephane Dujarric, em comunicado.

António Guterres está "extremamente preocupado com a escalada da violência na Etiópia e a recente declaração de estado de emergência, uma vez que "a estabilidade da Etiópia e da região está em jogo".

Recorde-se que o conflito na região do Tigray começou em Novembro de 2020 quando o chefe do executivo etíope, Abiy Ahmed, decidiu enviar as tropas governamentais para destituir o governo local liderado pela Frente Popular de Libertação do Tigray.

Esta guerra provocou uma das maiores crises humanitárias de sempre, que já deixou milhares de refugiados e deslocados.

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