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Sudão do Sul

Sudão do Sul assinala dez anos de independência em clima sombrio

O Sudão do Sul assinalou hoje dez anos de independência. Dez anos dos quais 8 foram marcados pela guerra fratricida entre os apoiantes do presidente Salva Kiir e os seus adversários encabeçados pelo vice-presidente Riek Machar. Mais de 380 mil mortos e 4 milhões de deslocados depois, ambos assinaram um acordo de paz em 2018 em que se comprometem a coabitar e partilhar o poder. O país também considerado dos mais pobres e corruptos do mundo, continua a ser palco de conflitos intercomunitários.

O campo de refugiados de Bentiu, no Sudão do Sul.
O campo de refugiados de Bentiu, no Sudão do Sul. RFI/Sébastien Nemeth
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Apesar de nenhuma cerimónia oficial ser organizada para assinalar esta data que já não é celebrada desde 2014, num discurso hoje, o Presidente Salva Kiir prometeu que iria envidar esforços para que o seu país não voltasse à guerra, isto numa altura em que o Sudão do Sul continua a ser placo de conflito entre comunidades nomeadamente pela partilha de recursos.

Em dez anos de existência enquanto nação independente, o Sudão do Sul conheceu essencialmente a guerra entre Salva Kiir e o seu vice-presidente, Riek Machar, de 2013 a 2018. Um conflito que causou mais de 380 mil mortos, cerca de 4 milhões de deslocados, ou seja um terço da população do país, e provocou uma grave crise humanitária. Um conflito oficialmente encerrado com a assinatura de um acordo de paz há 3 anos, mas que só começou muito recentemente a ser cumprido passo a passo.

O Presidente Salva Kiir e o seu vice-presidente Riek Machar lideram o país, num governo de união frágil desde 2020. O país está a preparar-se para se dotar de uma nova Constituição, mas "falta o elemento fundamental que é a constituição de umas forças armadas 'independentes'" refere José Vieira, padre português que viveu largos anos no Sudão do Sul. "Neste momento, temos Forças Armadas constituídas por milícias alinhadas com os seus chefes, uns com Salva Kiir, outros com Riek Machar", refere o religioso que se mostra pouco optimista quanto às hipóteses do Sudão do Sul sair do actual ciclo de violência enquanto for liderado por estes dois responsáveis.

Ao fazer um balanço sombrio dos dez anos de independência deste país, o Padre José Vieira recorda nomeadamente que "70% da população do Sudão do Sul está a precisar de ajuda alimentar". Para o religioso "são dez anos de uma independência que prometeu muito, mas olhando para trás, vê-se que todo este capital de 'sonho' foi esbanjado".

Padre José Vieira sobre o Sudão do Sul
05:10

Padre José Vieira sobre o Sudão do Sul

Para além dos conflitos que subsistem no país, a ONU contabilizou pelo menos 108 mil pessoas em risco de fome. Apesar de ser rico em petróleo, o Sudão do Sul continua a ser um dos mais pobres do mundo e é o penúltimo classificado entre 180 países, no que tange à luta contra a corrupção, segundo o último ranking da Transparency International.

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