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França/África

França propõe "New Deal para África"

Paris acolhe, esta terça-feira, a Cimeira para o Financiamento das Economias Africanas que conta com a presença de 17 chefes de Estado africanos, líderes europeus e grandes instituições bancárias, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. A cimeira pretende criar um "pacote de ajuda massiva" para o continente africano, afectado pela pandemia de covid-19 e, ao mesmo tempo, lançar as bases para um novo ciclo de crescimento, apoiado no investimento do sector privado.

Presidente francês, Emmanuel Macron.
Presidente francês, Emmanuel Macron. © RFI/Pierre René-Worms
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Líderes africanos, europeus e representantes de organizações internacionais estão reunidos em Paris para encontrar uma solução para a falta de liquidez das economias africanas.

A iniciativa do Presidente francês é apresentada como o New Deal para África e pretende encontrar uma solução para as economias africanas asfixiadas pela pandemia de covid-19.

A cimeira pretende criar um "pacote de ajuda massiva" para o continente africano. Em Março, face à crise económica provocada pela pandemia de Covid-19, o Fundo Monetário Internacional ofereceu aos seus membros os Direitos de Tiragem Especial. 

Os Direitos de Tiragem Especial são mecanismos que todos os países membros do FMI têm direito, baseados no princípio que as reservas do FMI podem ser usadas para emitir liquidez em tempos de crise ou em situações mais excepcionais. 

Em toda a sua história, o FMI usou quatro vezes os DTS, a última vez foi durante a crise financeira de 2008.

Desta vez, os 183 países membros do FMI vão receber um total de DTS equivalentes a 650 mil milhões de dólares. A África vai receber 34 mil milhões desse montante. 

O antigo secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África, Carlos Lopes, diz que "estas medidas não vão resolver os problemas de fundo do continente, que precisaria de 200 mil milhões de dólares para poder voltar ao nível de actividade económica que existia antes da crise".

A dívida pública africana atingiu 58% do PIB global em 2020, um aumento de 6% comparado ao ano anterior e a taxa mais elevada dos últimos 20 anos. Em 2020, 17 países estavam numa situação de elevado sobreendividamento.

A questão do perdão da dívida africana será igualmente abordada, mas essa decisão cabe aos países do G20 que, no ano passado, adoptaram um novo Quadro Comum incluindo credores não pertencentes ao Clube de Paris, como a China.

Três países africanos já pediram o reescalonamento da dívida: o Chade, Etiópia e Zâmbia.

Aposta no sector privado

Esta cimeira pretende ainda lançar as bases para um novo ciclo de crescimento, que passa pela apoio ao sector privado. 

O antigo secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África, Carlos Lopes, afirma que o continente não se consegue industrializar com o sector público.

"Eu não concebo como é que nós vamos poder sair da dependência das matérias-primas que representam cerca de 70% das exportações africanas - só o petróleo representa 40% das exportações africanas - sem nós fazermos uma industrialização. E para nós fazermos uma industrialização, nós não vamos fazer uma industrialização com o sector público. Tem que haver aqui um papel fundamental na promoção das grandes empresas, dos campeões nacionais do sector privado africano", afirma Carlos Lopes.

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