Eleição presidencial na Costa do Marfim decorre sob tensão e incidentes
Na Costa do Marfim, cerca de sete milhões e meio de eleitores vão às urnas numa eleição marcada por receios de violência e boicote da oposição. Esta última contesta a recandidatura à um terceiro mandato do Presidente cessante, Alassane Ouattara. Desde que Ouattara anunciou, em Agosto, a sua recandidatura, vários incidentes e confrontos causaram cerca de 30 mortes, reforçando o temor de uma escalada de violência étnica, dez anos após a crise pós-eleitoral de 2010 que fez 3.000 mortos.
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Um escrutínio marcado pela tensão e o receio de uma nova crise política na Costa do Marfim, levou o presidente cessante Alassane Ouattara a lançar um apelo à calma, numa altura em que a oposição liderada pelo antigo chefe de Estado Henri Konan-Bédie decidiu boicotar as eleições.
Alassane Ouattara que se candidata a um terceiro mandato, embora a Constituição da Costa do Marfim estabeleça o máximo dois, teme que a desobediência civil preconizada pela oposição e a multiplicação dos incidentes sobretudo nas regiões dominadas pelos seus opositores, degnere num conflito idêntico ao de 2010 .
Perante o boicote da oposição,a importância do escrutínio presidencial deste sábado será determinado pela taxa de participação dos eleitores.
Os cerca de 7,5 milhões de eleitores, de uma população de 25 milhões de marfinenses, deverão escolhar entre Ouattara de 78 anos,Henri Konan Bédié de 86, Pascal Affi N'Guessan de 67 e Kouadio Konan Bertin de 51 anos.
Apesar de terem mantido as suas candidaturas, Bédié e N'Guessan apelaram ao boicote da eleição.Ambos consideram a candidatura de Alassane Ouattara anti-constitucional.
Numerosos incidentes tiveram lugar esta manhã em várias regiões da Costa do Marfim, como na localidade de Brobo, situada à uma vintena de quilómetros de Bouaké, onde segundo Aboudramane Ouattara, presidente regional da comissão eleitoral, o material eleitoral foi queimado.
Segundo um habitante, vários indivíduos bloqueram a principal estrada do país entre Abidjan e o norte, que liga a Costa do Marfim ao Mali e ao Burkina Faso, no sector de Djebonoua a 350 kms ao norte de Abidjan.
O ex-Primeiro-ministro de Laurent Gbagbo, Pascal Affi N'Guessan declarou em conferência de imprensa, que o escrutínio organizado sábado, é "um golpe eleitoral fracassado".
Segundo ainda N'guessan,porta-voz da oposição, pelos 12 pessoas morreram nos incidentes ocorridos durante a organização do escrutínio.
As mortes não foram confirmadas, por fontes independentes.
Em Abidjan, capital económica da Costa do Marfim, as ruas estavam desertas e as lojas fechadas.
O encerramento da votação teve lugar as 18 horas locais e GMT.
A tensão e os incidentes ocorridos durante a eleição de sábado, cujo favorito é o contestado Alassane Ouattara, fazem com que se receie uma nova crise política na Costa do Marfim, situada numa região já sob a pressão dos ataques jihadistas, caracterizada pelo golpe de Estado militar no Mali,no mês de Agosto, e os recentes protestos na Nigéria.
Eleição presidencial na Costa do Marfim sob tensão 31 10 2020
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