Futebol

Ryan Mendes: «Quero ver Cabo Verde lá em cima neste CAN»

A selecção cabo-verdiana defronta este sábado, 3 de Fevereiro, a África do Sul no Estádio Charles Konan Banny em Yamoussoukro, na Costa do Marfim, num jogo a contar para os quartos-de-final do CAN.

Publicado a: 03/02/2024 - 15:24

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Ryan Mendes, avançado cabo-verdiano. © AFP - FRANCK FIFE

Por: Marco Martins

Do nosso enviado especial a Abidjan,

Angola está fora da prova, já só há uma única selecção lusófona em prova: Cabo Verde. Este sábado, os cabo-verdianos vão jogar um encontro de tudo ou nada.

Cabo Verde já fez história nesta prova, vencendo pela primeira vez um jogo na fase de eliminação directa.

No seu historial, os Tubarões Azuis alcançaram duas vezes os quartos-de-final e uma vez os oitavos. Em 2013, Cabo Verde alcançou os quartos numa prova com apenas 16 equipas, enquanto em 2022 se apurou para os oitavos numa edição já com 24 nações.

Desta vez, em 2024, com 24 selecções, os cabo-verdianos apuraram-se para os oitavos, venceram a Mauritânia por 1-0, com um tento apontado pelo capitão Ryan Mendes, e seguiram em frente para os quartos, onde vão defrontar a África do Sul, nação que já venceu a prova uma vez em 1996.

Esta selecção cabo-verdiana é um misto de jogadores com experiência como Ryan Mendes e Vozinha que participam pela quarta vez no CAN, o mesmo número de participações dos Tubarões Azuis na prova, e de estreantes.

Cabo Verde defronta pela sexta vez a África do Sul. Até agora os Tubarões Azuis venceram dois jogos, os ‘Bafana Bafana’ também arrecadaram dois triunfos, e houve igualmente um empate sem golos no único encontro a contar para um CAN, em 2013 em território sul-africano.

Em 2013, esse jogo foi a contar para a fase de grupos e as duas equipas seguiram em frente para os quartos onde as duas foram eliminadas. Nesse encontro, nos titulares estiveram Vozinha e Ryan Mendes, onze anos depois, eles deverão estar novamente no onze inicial.

A RFI falou com Ryan Mendes, avançado de 34 anos, que representa o Karagumruk na Turquia, ele que vestiu as camisolas do Le Havre e do Lille em França, do Nottingham Forest em Inglaterra, do Kayserispor na Turquia, do Al Sharjah e do Al-Nasr nos Emirados Árabes Unidos.

Em declarações à RFI, Ryan Mendes, capitão de Cabo Verde, revelou-nos qual é a sua motivação extra.

RFI: O que é que o motiva?

Ryan Mendes: É ver Cabo Verde lá em cima. É a paixão que eu tenho de onde eu venho. Eu nasci e cresci em Cabo Verde, sou de lá. Tudo o que eu sou é graças a Cabo Verde: Pai, Mãe, avós, irmãos, amigos, tudo! Sou cabo-verdiano, é tudo. Eu tento fazer com que Cabo Verde esteja o melhor possível. E é desse jeito que eu consigo mostrar o nome de Cabo Verde: é futebol, é correr, é tentar fazer golos, é isso que eu tenho de fazer.

RFI: Até onde pode ir esta selecção?

Ryan Mendes: Vamos jogar esse encontro dos quartos-de-final para ganhar, não há dúvidas nenhumas, sabendo que não vai ser fácil. Não vai ser fácil para eles também porque eles vão cair contra uma equipa motivada, forte, com muita moral, e que fisicamente está ‘top’. Cabo Verde está aí, está nos quartos, agora é continuar e tentar ir o mais longe possível.

RFI: Frente à Mauritânia foi complicado com um triunfo apenas por 1-0?

Ryan Mendes: Foi muito difícil. O pessoal de fora pensava, se calhar, pensava que ia ser um jogo mais fácil. Para nós, foi o mais difícil sinceramente. A Mauritânia foi forte fisicamente, com muitos jogadores rápidos. Eles ganharam muitas segundas bolas e partiram rapidamente para o ataque. Mas, mais uma vez, Cabo Verde fez o que tinha de fazer; ficarmos juntos e darmos tudo o que tínhamos no campo. O que importa é que Cabo Verde ganhou. Estamos nos quartos e agora é preparar o próximo jogo que chega rápido.

RFI: Tem que ter sangue frio para assumir e marcar esse golo de grande penalidade aos 88 minutos?

Ryan Mendes: É sim. Há muita coisa que vem à cabeça e tentei manter-me o mais calmo possível. Respirar fundo, algum cansaço também do jogo, mas focado em fazer o que tinha de fazer: Meter a bola lá dentro, e foi o que eu fiz. Correu bem e acabámos por libertar um povo. Fomos uma equipa que deu tudo, que deixou tudo em campo. Mais uma vez Cabo Verde teve muita coragem. O mais importante é deixar tudo dentro das quatro linhas.