São Tomé: libertados os 30 são-tomenses da Roça Cangá
Trinta cidadãos são-tomenses foram detidos entre segunda-feira e hoje, devido ao bloqueio de um depósito de água construído pelo governo na roça Cangá, sem expropriação, nem indemnização aos proprietários.
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As roças Cangá e Santa Fé na cidade da Trindade, Ilha de São Tomé, foram compradas em 1944 pelo antigo colono Francisco Cabral e hoje são objecto de disputa entre os seus herdeiros legítimos e ocupantes considerados ilegais, a quem foram exigidos documentos de posse.
Na roça Cangá o governo construíu um reservatório de água, que vai beneficiar mais de seis mil pessoas, que até à data não tinham acesso a água potável, mas não consultou os proprietários e legítimos herdeiros, que em protesto decidiram bloquear o depósito com um cadeado.
Na passada segunda-feira (21/05) por ordens do governo a polícia de ordem pública deteve na roça Cangá 30 "herdeiros genuínos" que foram em seguida conduzidos ao Comando distrital de Água Grande e depois ao Ministério Público e finalmente na quarta-feira (23/05) perante o Tribunal de Instrução Criminal onde foram ouvidos sem a presença de advogados.
A polícia alega que os detidos proferiram em carta ameaças de morte contra todos os orgãos de soberania, como refere Deodato Capela, presidente do Centro de Integridade Pública no arquipélago, que denuncia a "ocupação ilegal pelo Estado...sem expropriação, indemnização ou acordo dos proprietários...[mas lamenta] a posição ilegal do grupo de cidadãos que segundo a polícia proferiram ameaças susceptíveis de um processo crime".
Todos foram libertados esta sexta-feira (25/05), depois de terem ultrapassado as 48 horas legais de prisão preventiva e serão ouvidos na proxima quinta-feira (31/05) desta vez na presença de advogados.
Deodato Capela, presidente do CIP
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