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Vida em França

"Qual o legado que deixamos?", questiona o artista Nú Barreto

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A galeria Nathalie Obadia apresenta a exposição "Silhouettes Parfaites" do artista plástico guineense, Nú Barreto, até dia 13 de Janeiro, em Paris. As obras em papel reciclado servem de suporte à circulação das sombras de seres imperfeitos, que se movem de forma desconcertante para ultrapassar os limites impostos pela tela.

A galeria Nathalie Obadia apresenta a exposição "Silhouettes Parfaites" do artista plástico guineense, Nú Barreto, até dia 13 de Janeiro, em Paris.
A galeria Nathalie Obadia apresenta a exposição "Silhouettes Parfaites" do artista plástico guineense, Nú Barreto, até dia 13 de Janeiro, em Paris. © RFI/Lígia Anjos
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"Silhouettes Parfaites é uma forma de evitar dizer silhuetas imperfeitas", começa por explicar Nú Barreto. Neste novo trabalho, o artista guineense desenha sombras de pessoas imperfeitas que "saem de uma espécie de introspecção" para um lugar desconhecido. As personagens flutuam e tentam libertar-se, saindo das telas, como se estivessem a cair ou a sair do suporte de criação. "Estas silhuetas são sombras das pessoas imperfeitas, que se movem de um lado para outro. São fantasmas que lutam para encontrar um espaço neste mundo", explica o artista. "Onde estou?", questiona a personagem de um quadro, "desconfortável", responde outra.

Nú Barreto celebrou em 2023 cinco ano de colaboração com a galeria Nathalie Obadia. Para assinalar a data, o artista plástico decidiu apresentar ao público uma nova proposta artística, convocando novos elementos como a masculinidade, através de bananas, o poder, através de coroas invertidas, a transmissão através de lápis ou canetas - numa intenção lúdica, irónica e perturbadora.

No entanto, Nu Barreto continua a questionar, como o fez nas suas obras anteriores, "a fragilidade do conforto, a fragilidade  do poder, utilizando cadeiras com dois ou três pés, sem nunca estarem completas", conta.

Nas mais recentes criações, a técnica de colagem está mais presente do que nunca. Nú Barreto usa cartões, papel reciclado, sacos de plástico nos quais espalha sombras de corpos, cabeças e animais. O artista tenta "Recuperar, reciclar e restituir" materiais  para "questionar os novos hábitos de consumo", introduzindo elementos que, aparentemente, não teriam valor, dando-lhes "uma nova vida".

A tela de madeira com mais de três metros de comprimento "Transmissions" faz parte da série Estados Desunidos de África (2009). O artista guineense usa a bandeira americana com cores diferentes, [as cores] usadas na maioria das bandeiras dos países africanos: vermelho, amarelo e verde. Nesta obra, Nú Barreto usa 54 estrelas que representam os 54 países do continente africano. Cada estrela forma uma espécie de molécula composta por 54 canetas e lapis que se tocam uns aos outros. "Transmissions" carrega 2916 canetas e lápis, lembrando que "a transmissão é um acto frágil e que na arte essa transmissão leva ainda mais tempo. É importante salvaguardá-la porque vivemos graças a essa transmissão", concluiu.

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