Devolução de obras é passo "simbólico", mas importante para restituir bens à juventude africana
Publicado a:
Ouvir - 11:26
A oficialização da restituição de 26 obras de arte ao Benim por parte da França aconteceu esta semana num passo que Luísa Semedo, investigadora e ativista luso-cabo-verdiana em França, considera ainda "simbólico", mas importante especialmente para a juventude dos países africanos que nem sempre tem acesso aos seus bens culturais já que se estima que cerca de 90% desses bens estejam fora do continente.
A França devolveu oficialmente ao Benim 26 obras de arte, entre elas, algumas das mais importantes estátuas reais do país, como a estátua do poderoso Rei Ghézo representado como um homem-pássaro ou o Rei Béhanzin, esculpido meio homem, meio tubarão, testemunhos da dinastia que reinou nos séculos XVIII e XIX o sul do Bdo país.
As peças foram transportadas para França no final do séc. XIX, quando o coronel Dods invadiu Abomey, capital do reino de Danhomè. O pedido oficial para a devolução foi feito pelo Benim em 2016 e, apesar de uma recusa, o aval foi dado em 2020.
"É um passo importante, ainda simbólico. Entre 85 a 90% do património cultural africano está fora do continente, o que é algo impressionante. Ainda há muito para fazer, mas já é importante porque coloca esta questão a debate com algo feito de facto", disse Luísa Semedo.
Esta investigadora considera que a França "dá o exemplo", tal como outros países que detiveram colónias em devolver as obras aos países africanos que as pedem de volta, especialmente para as gerações mais jovens.
"Algo que me parece absolutamente importante são as novas gerações. O património é a herança cultural de um povo e é importante para as novas gerações do Benim terem acesso a estas obras de forma permanente", referiu Luísa Semedo.
NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.
Me registro