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Semana em África

União Africana quer intensificar trocas comerciais africanas e populações festejam Carnaval

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A atualidade desta semana em África foi marcada pela 36° Cimeira da União Africana, pelas chuvas mortíferas em Moçambique e pelas festividades do Carnaval em Cabo Verde, em Angola e na Guiné Bissau. 

O Carnaval de Bissau é a maior festa popular da Guiné-Bissau.
O Carnaval de Bissau é a maior festa popular da Guiné-Bissau. © rfi/Mussá Baldé
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Zona de comércio livre, sistema de sanções e alterações climáticas na União Africana 

Em 2023, a União Africana quer acelerar a criação de uma Zona de Comércio Livre em África que permita a todos os países do continente intensificarem as suas trocas comercias com taxas mais baixas e, nalguns casos, sem quaisquer taxas para os produtos produzidos e consumidos nesta região do Mundo.

Victor Fernandes, ministro da Indústria e Comércio de Angola, fez parte das negociações que decorreram na Cimeira da União Africana, em Addis Abeba, e reconheceu, em declarações à nossa enviada especial Catarina Falcão, que o acordo para esta aceleração por parte dos chefes de Estado foi "muito importante", mas que se trata de uma verdadeira maratona.

"A semelhança do que aconteceu noutras zonas e blocos comerciais internacionais, não será em um ano que vamos ter todos os 55 países de África a transicionarem com base nas regras da zona. Aliás a oferta tarifária que os países fazem é desmaterializável em 10 anos. Todos os países terão esse horizonte para irem desmaterializando essa oferta.

Ainda na cimeira, os dirigentes africanos decidiram reforçar as sanções sobre países onde os Governos foram recentemente substituídos por juntas militares através de golpes de Estado, como é o caso do Mali, do Brukina Faso e da Guiné Conacri. A decisão foi tomada numa cimeira extraordinária da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que decorreu no sábado 18 de Fevereiro ao final da tarde e durou mais de duas horas, e na qual o Presidente caboverdiano José Maria Neves, esteve presente: 

"A reunião avaliou a situação na Guiné Conacri, Mali e Burkina Faso, países onde houve uma ruptura constitucional e que estão sob uma sanção. A Cimeira decidiu continuar e agravar as sanções existentes, apelando para que, em cada um dos países, haja um diálogo inclusivo entre as partes que permita consenso e aprovação de um quadro de transição para a democracia."

Para além das questões de cooperação económica e do sistema de sanções, outro grande tema debatido na 36 cimeira da Uniao Africana incidiu sobre a segurança no continente. Antonio Guterres,  o secretário-geral da ONU mostrou-se preocupado com esta questão e defendeu que este papel deve ficar para os africanos, mas com financiamento da comunidade internacional.

"Sempre defendi que as operações necessárias para impor a paz e lutar contra o terrorismo devem ser feitas por forças africanas robustas e com um mandato claro do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Tanto quanto sei, os países europeus têm sempre apoiado este ponto de vista, que até agora não encontrou unanimidade no Conselho de Segurança. O que também é verdade, é que as contribuições voluntárias, como verificámos no G5 Sahel, não são suficientes para garantir a eficácia de uma força de imposição da paz.

Por outro lado, o secretário-geral das Nações Unidas anunciou um novo fundo de 250 milhões de euros para África de forma a combater a fome. 

Ainda em Adis Abeba, na cimeira da União Africana, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, explicou ao microfone de Catarina Falcão estar neste encontro para "ganhar solidariedade" para o combate ao terrorismo e também para travar as consequências dos fenómenos metereológicos extremos que afectam o país.

"Falámos sober a situação dos desastres naturais em todos os fórums. Moçambique está a viver momentos difíceis de inundações. Estou a trabalhar com os meus colegas para ganhar maior solidariedade em diferentes sentidos, não só no combate militar como também na reconstrução das zonas deturpadas e sobre a formação dos jovens que vivem nestas zonas." 

Chuvas mortíferas em Moçambique 

Em Moçambique, as chuvas intensas provocaram 11 mortes e afectaram mais de 43 mil pessoas. Na terça-feira 21 de Fevereiro foi decretado o alerta vermelho para acelerar o processo de apoio e resgate às populações. Uma das consequências destas cheias: a ocorrência de bolsas de fome devido às chuvas que destruíram extensas áreas de cultivo. Filipe Nyiusi manifestou a sua preocupação, sobretudo relativamente à província de Gaza, no sul do país. Uma correspondência de Orfeu Lisboa. 

"Chókwe atingiu o nível de alerta com 5.4 metros sempre a subir. O problema principal é o impacto de machambas que estão a ficar alagadas. Isso é problema porque vai dar na capacidade dos moçambicanos de se alimentarem. As populações estão a fazer colheitas antecipadas. Colhem milho que podia ficar mais duro, mais forte, mas se não o colherem agora, nem esse conseguiriam ter e isso é resultado de pré-aviso."

Festividades do Carnaval em Angola, Guiné Bissau e Cabo Verde

Esta foi também uma semana de comemorações do Carnaval no continente africano.  O Carnaval é a principal festa popular na Guiné Bissau, e apesar das dificuldades financeiras no país, as festividades estiveram ao rubro, com demonstrações de trajes, máscaras e danças do folclore das diferentes etnias guineenses.

O presidente da Câmara Municipal de Bissau, José Medina Lobato, enalteceu para a RFI o espírito de tranquilidade que tem marcado o Carnaval de 2023. Um relato de Mussa Baldé.

"É uma das maiores festas populares que temos no país, já tradicional, onde demonstramos a nossa cultura, a nossa tradição, a nossa diversidade cultural, normalmente, e este ano, felizmente já começou desde sexta-feira e está a decorrer muito bem, sem problemas, sem indisciplina, sem agressões, queremos um Carnaval com harmonia, um Carnaval de solidariedade."

Em Luanda reuniram-se cerca de 50 mil pessoas na Nova Marginal, no centro da capital, dois anos depois da interrupção devido à covid-19. E em Cabo Verde, o Carnaval ganhou visibilidade com o tempo por se aproximar do carnaval do Brasil, com carros alegóricos, músicas, desfiles e máscaras.

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