Em Angola existe "intromissão do poder executivo no poder judicial"

"Esperávamos que o interesse da França mais do que económico tivesse um pendor na protecção do meio ambiente e dos direitos humanos. Sem protecção dos direitos humanos e dos direitos civis, os investimentos não estão protegidos", afirma o presidente da Associação Justiça, Paz e Democracia.

Serra Bango, Presidente da Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD), em Luanda. © RFI/Lígia Anjos

"A visita de Emmanuel Macron a Angola serviu para reforçar a posição económica que a França quer ter em Angola, sobretudo no domínio dos petróleo", afirma o presidente da Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD). Serra Bango acrescenta que se têm visto duas posições adoptadas pela França, "a aquisição de quase todas as bombas da Total e o facto de a França conseguir alguns blocos de petróleo".

Segundo o activista parece existir uma contradição entre a preservação do meio ambiente e o interesse da França em querer explorar petróleo. "A França pretende explorar petróleo no mar do Namibe já sabemos quais as consequências que dai virão, no obstante da União Europeia se mostrar preocupada com o meio ambiente", afirma o activista social.

Questionado sobre a crise que o sistema judiciário angolano está a enfrentar, envolvendo os juízes presidentes do Tribunal Supremo, Joel Leonardo, e do Tribunal de Contas, Exalgina Gambôa, em casos de corrupção, peculato, entre outros, Serra Bango mostra-se preocupado com a situação. "Este problema existe há vinte anos. Os factos falam por si e dizem tudo, existe uma crise e uma intromissão do poder executivo sob o poder judicial, ficou claro nas declarações do Presidente", defendeu o presidente da AJPD.