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Acordo entre Governo etíope e rebeldes do Tigray é "passo importantíssimo" para a paz

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Na quarta-feira, o Governo etíope e as autoridades dos rebeldes da Frente de Libertação do Povo do Tigray assinaram um acordo de paz que visa terminar os dois anos de conflito na região do Tigray. Um acordo que é "passo importantíssimo", mesmo que alguns pontos deixem os analistas cépticos, segundo explicou a investigadora  Alexandra Dias.

O representante do Governo etíope, Redwan Hussein Rameto, aperta a mão ao representante do Tigray, Getachew Reda, após a assinatura de acordo de paz entre o Executivo e os rebeldes.
O representante do Governo etíope, Redwan Hussein Rameto, aperta a mão ao representante do Tigray, Getachew Reda, após a assinatura de acordo de paz entre o Executivo e os rebeldes. AFP - PHILL MAGAKOE
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Este acordo prevê o fim das hostilidades nos próximos dias, um programa de desarmamento, desmobilização e reintegração dos rebeldes, maior colaboração para a assistência humanitária no terreno, assim como um quadro político especial transitório para a região do Tigray, com a retirada das tropas da Eritreia, que cooperavam com as forças etíopes, do território etíope.

Este é um acordo importante, segundo Alexandra Dias, professora do Departamento de Estudos Políticos da Universidade Nova de Lisboa, após 10 dias de negociações intensas supervisionadas pela União Africana.

"O primeiro aspecto a ter em conta é que é muito importante terem conseguido terminar 10 dias de negociações intensas, diminuírem as distâncias e as questões que os separavam de forma irremediável, com consequências gravíssimas para os civis, e conseguiram um acordo de cessar fogo permanente", explicou a investigadora.

Este acordo cria um dilema de segurança para a Frente de Libertação do Povo do Tigray, tendo de se desarmar nos próximos dias. Um entendimento que deve ser acompanhado por confiança mútua de forma a que a paz prevaleça na Etiópia.

"A questão da durabilidade ou não do acordo, vamos de ter de observar a par e passo na medida em que se cria aqui um dilema de segurança para a Frente de Libertação do Povo do Tigray que fica ao abrigo do acordo com cinco dias para ceder os armamentos pesados e 10 dias  para começar o processo de desarmamento. O dilema de segurança tem de ser acompanhado de medidas que aumentem a confiança entre as partes", detalhou Alexandra Dias.

Estima-se que o conflito no Tigray tenha feito mais de 500 mil mortos na região, tendo gerado cerca de 2 milhões de deslocados. Estes milhões vieram juntar-se à população afectada pela seca, estimando-se que, no total, a Etiópia tenha mais de 5,1 milhões de deslocados, o que deixa o país numa situação seja "preocupante" e "alarmante".

"A situação na Etiópia é preocupante, alarmante, com mais de 5,1 milhões de deslocados internos. Este acordo será um começo. Utilizando as palavras do primeiro-ministro, sem paz não pode haver prosperidade, e sem este cessar de hostilidades não pode haver acesso às vítimas do conflito, aos civis que foram afectados ao longo destes dois anos", concluiu a investigadora.

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