Foi publicado esta terça-feira, 3 de Maio, o relatório da organização Repórteres Sem Fronteiras que analisou a liberdade de imprensa em 180 países, indicando que em 2021 a polarização duplicou e foi amplificada pelo caos na informação. No relatório Cabo Verde ocupa a melhor posição no que refere à Africa Lusófona, 36°, no entanto Geremias Furtado, presidente da Associação Sindical dos jornalistas de Cabo Verde diz que o país não pode ficar contente quando caiu nove posições nos últimos dois anos.
“Não podemos ficar felizes por sermos o melhor [país] da África Lusófona quando estamos a descer cada vez mais. Isto mostra que as coisas não estão bem, que é preciso trabalhar no sentido de evitar que continuemos a descer neste tão importante ranking”, explicou Geremias Furtado, presidente da Associação Sindical dos jornalistas de Cabo Verde.
Também a Guiné-Bissau regrediu no ranking, ocupando agora lugar 92 posição. A presidente do sindicato de jornalistas e técnicos da comunicação social da Guiné-Bissau, Indira Correia Baldé, considera que esta descida se ficou a dever aos ataques, agressões e espancamentos feitos a jornalistas.
“Vimos ataques a profissionais da comunicação social, espancamentos, agressões verbais à luz do dia. São várias as situações que contribuíram para a Guiné-Bissau regredir neste ranking”, notou.
Em Angola, as condições de trabalho continuam a ser complicadas, reconhece a presidente da Comissão da Carteira e Ética dos Jornalistas. Luísa Rogério lembra que ainda assim Angola subiu quatro posições no ranking, encontrando-se agora na posição 99.
“Continuamos com uma situação difícil em relação às condições de trabalho e ainda não estamos com o nível de liberdade de imprensa desejado, apesar de termos subido quatro lugares em relação ao ano passado”, referiu.
Moçambique está entre os países que vivem uma situação mais problemática, ocupando o lugar 116, sendo o pior classificado na Africa Lusófona. Fernando Lima, jornalista moçambicano, reconhece a degradação da liberdade de imprensa no país.
“Penso que se deve à degradação do clima da liberdade de imprensa em Moçambique. A nossa legislação é muito positiva, mas há uma ameaça sobre essa legislação para se alterarem as leis que regem a liberdade de expressão e liberdade de imprensa para leis muito mais autoritárias”, garantiu.
São Tomé e Príncipe continua fora do relatório dos Repórteres Sem Fronteiras. A organização justifica a ausência por falta de meios de financeiros. Um argumento que não convence o Presidente da associação dos jornalistas de São Tomé e Príncipe, Juvenal Rodrigues.
“Já perguntei qual é a razão que leva os Repórteres Sem Fronteiras a excluir São Tomé e Príncipe e eles alegam falta de meios financeiros. Isto não me convence muito”, concluiu.
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