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Rede de portugueses na Polónia já conseguiu enviar 30 ucranianos para Portugal

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Os portugueses na Polónia uniram-se para conseguir levar até Portugal os ucranianos que fogem à invasão da Rússia, num esforço conjunto para salvaguardar estas pessoas em choque e fazê-las chegar a porto seguro, como descreve Pedro Vilas, analista de mercados financeiros que vive na cidade de Katowice, em entrevista à RFI.

Des réfugiés arrivés d'Ukraine à Medyka, à la frontière polonaise, le 6 mars 2022.
Des réfugiés arrivés d'Ukraine à Medyka, à la frontière polonaise, le 6 mars 2022. © AP Photo/Visar Kryeziu
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Em tempos de guerra, as redes sociais não servem só para nos informar sobre os últimos desenvolvimentos, mas também para coordenar movimentos de solidariedade que durante a invasão da Ucrânia por parte da Rússia têm servido para retirar em segurança milhares de ucranianos das fronteiras com vários países da União Europeia.

Na Polónia, onde vivem cerca de 3 mil portugueses, Pedro Vilas, analista de mercados financeiros que vive na cidade de Katowice, dinamizava há muito os grupos de portugueses no Facebook e agora coordena os esforços desta comunidade para ajudar ucranianos que querem chegar até Portugal, ora porque têm nacionalidade portuguesa, têm lá família ou querem fugir para "o mais longe possível" do conflito.

Em entrevista à RFI, este português explica como desconhecidos se têm organizado entre deslocações às fronteiras, dormidas em casa de uns e de outros, noites em hotéis e contactos com as embaixadas para fazerem chegar os ucranianos fugidos da guerra a porto seguro.

"Em cada pedido eu explico, conto a história das pessoas e surpreendeu-me que deixou de haver classe social entre os portugueses aqui. Temos um CEO de uma empresa muito importante na Polónia a ajudar-me, como temosmilitares do Frontex ou analistas informáticos", explicou Pedro Vilas.

Esta rede da comunidade portugesa já ajudou cerca de 30 ucranianos a chegarem a Portugal e continua a receber pedidos. Quem vem do outro lado da fronteira, vem cansado e em choque.

"As pessoas quando chegam ficam a dormir um dia inteiro. Temos casos de virem 17 horas em pé do Leste da Ucrânia, de andarem nem sei quantos quilómetros. Pessoas que estiveram quatro dias a atravessar o país. As pessoas não vão querer voltar para a Ucrânia, temos pessoas em choque. A Ucrânia está destruída e a economia do país também", indicou o português instalado na Polónia.

Por enquanto, esta rede ainda não passou a fronteira para ir buscar ninguém, com Pedro Vilas a considerar que passar de Lviv pode ser perigoso. Na Polónia, a vida segue normalmente na Polónia e os habitantes têm confiança na NATO, apesar dos bombardeamentos russos junto às fronteiras.

"A nossa vida segue normal, não há qualquer mudança a nível dos nosso hábitos, a não ser o que esteja relacionado com a ajuda destas pessoas. Não podemos ficar indiferentes, vivemos cá, fazemos parte desta sociedade e a sociedade polaca tem sido fantástica. E nós, como portugueses, temos ligações à Ucrânia. Andámos com eles na escola em Portugal, trabalhamos com eles aqui. Seguimos as nossas vidas. Ontem um aeródromo a 15 quilómetros da fronteira foi destruído. Estamos seguros com os cerca de 1.500 militares na Lituânia, que é aqui ao lado, e confiamos na NATO", relatou.

Pedro Vilas pede agora mais organização e cooperação a nível das autoridades portuguesas e europeias para retirar com segurança os ucranianos que fogem à invasão da Rússia.

"Tem de haver dois tipos de resposta: uma resposta europeia para ajudar a Polónia  escoar estas pessoas, as cidades de Varsóvia e de Cracóvia estão a ficar varridas com tanta gente que está a chegar e que ficam nessas cidades porque não sabem par aonde ir, e há uma resposta portuguesa de forma a coordenar melhor como enviar estas pessoas para Portugal", concluiu.

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