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Tensão no Mali: "Se o Estado vai contratar mercenários russos, já não há Estado"

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Quinze países ocidentais, incluindo a França, Portugal e o Canadá condenaram, numa declaração conjunta, o envio de forças paramilitares russas Wagner para o Mali, numa altura em que o país vive uma situação particularmente delicada a nível social, político e económico.

Forças paramilitares russas, denominadas por dispositivo Wagner.
Forças paramilitares russas, denominadas por dispositivo Wagner. © @ RFI Mandenkan
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Glória Silva, empresária portuguesa, radicada em Bamako, no sul do país, começou por comentar o facto de se aceitar aqui que a segurança de um estado possa ser garantida por mílicias estrangeiras, neste caso concreto, mercenários russos.

"Não se pode aceitar, ainda mais depois de todo o esforço económico, que tanto a comunidade europeia e a França têm feito para fazer a formação militar ao exército do Mali. Não faz sentido. Temos várias entidades, temos uma força especial posicionada chamada Takuba, temos todas as formações que no final devem custar muito mais do que os 10 milhões de euros que se diz, na comunicação social, que estão a pagar pelas mílicias russas", começou por referir.

Estes 15 países condenam a decisão de se usar fundos públicos para pagar mercenários estrangeiros, em vez de se apoiar as forças armadas e os serviços públicos do Mali.

Glória Silva explicou qual foi a reacção das autoridades malianas relativamente ao documento publicado: "Eu ontem liguei a várias pessoas no Mali para ver como estava a pressão. As pessoas estão todas muito agitadas, a classe política está muito agitada porque diz que se o Estado do Mali vai contratar mercenários, quer dizer que já não existe estado. Quando um estado contrata mercenários não existe porque senão faz-se parcerias com outros Estados".

A empresária salientou, por seu turno, a posição do povo: "O povo ainda não se apercebeu do que é que isto quer dizer. O cidadão do dia-a-dia ainda não se apercebeu. Acham que os russos chegaram e que vão libertar todo o Mali. Vão demorar a aperceber-se que não é isso".

"Só quando se aperceberem é que vamos ter a reacção do povo, mas o povo, se a comunidade internacional, os políticos, a classe intelectual do Mali deixar isto avançar não tenho a menor dúvida de que estamos numa ditadura militar até o povo se aperceber", rematou, em entrevista à RFI.

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