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Os Republicanos escolhem o seu candidato para as presidenciais francesas

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Aqui em França, desde ontem e até sábado, os cerca de 140 mil militantes do partido conservador 'Les Républicains' estão a votar para eleger o seu candidato às presidenciais de Abril do ano que vem. A primeira volta da qual resultaram os dois finalistas destas primárias decorreu até esta quinta-feira às 14 horas, sendo que neste fim-de-semana será conhecido o resultado final.

Da esquerda para a direita, os candidatos do partido republicano às eleições presidenciais de 2022: Xavier Bertrand, Philippe Juvin, Valérie Pécresse, Michel Barnier e Eric Ciotti.
Da esquerda para a direita, os candidatos do partido republicano às eleições presidenciais de 2022: Xavier Bertrand, Philippe Juvin, Valérie Pécresse, Michel Barnier e Eric Ciotti. © JULIEN DE ROSA / AFP
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No começo destas primárias, 5 candidatos estiveram em liça: Michel Barnier, antigo negociador europeu do Brexit, Xavier Bertrand, presidente da região 'Haut de France', Valérie Pécresse, presidente da região 'Paris Île de France', o deputado Eric Ciotti e Philippe Juvin , chefe das urgências de um hospital parisiense.

Nesta terça-feira, ainda antes do arranque da eleição interna, os candidatos tiveram oportunidade de debater e apresentar as suas propostas que, no seu conjunto não são divergentes, a diferença essencial sendo eventualmente o modo como cada um se situa perante a extrema-direita que neste últimos anos, tem vindo a fixar a sua agenda que inclui invariavelmente a questão da imigração nos debates presidenciais.

Estas primárias acontecem num contexto muito diferente daquele que prevalecia em 2017. Os tradicionais partidos de governação que eram o Partido Socialista e os Republicanos foram literalmente varridos pela chegada de Macron. Apesar da extrema-direita de Marine Le Pen ter ficado em segundo lugar nas últimas presidenciais e apesar de ocupar uma posição importante nas sondagens, a chegada do comentador de televisão Eric Zemmour está a ter algum impacto.

Igualmente situado na extrema-direita, Eric Zemmour tem sido bastante mediatizado -e condenado- nestes últimos anos por incitação ao ódio, é acusado de agressão sexual e tem-se igualmente ilustrado por uma leitura da História da segunda guerra mundial favorável ao regime colaboracionista francês.

Elementos do seu discurso têm alimentado o debate acabando -aos olhos de muitos- por eclipsar outros assuntos, como a saúde e a economia neste contexto pandémico.

Esta é por exemplo uma das constatações de Paulo Marques, vice-presidente LR da câmara municipal de Aulnay-sous-Bois, na região parisiense, e presidente da associação de autarcas de origem portuguesa em França CIVICA, que começa por referir-se ao modo de eleição do candidato do seu partido, a primária, algo usual em países como os Estados Unidos mas que constitui ainda uma novidade no microcosmo político francês.

"Havia o chefe que era bem identificado durante todo um processo de eleição. Actualmente através das primárias, uma grande mudança será provavelmente o tempo (...) a escolha de um candidato é muito mais rápida" refere o eleito local que ao evocar os candidatos LR para concorrer às presidenciais, destaca a diversidade e complementaridade dos seus respectivos percursos que a seu ver "demonstra uma real capacidade do partido 'Les Republicains' de apresentar um bom candidato" sendo que "alguns já sabem lidar com regiões, outros foram ministros, eleitos locais e também têm uma visão da Europa. É muito provavelmente um período interessante porque a aliança desses candidatos a apoiarem um candidato será a grande força do partido".

Questionado sobre a hipotética influência da extrema-direita e nomeadamente de Eric Zemmour no discurso de alguns dos candidatos à primária LR, Paulo Marques considera que quem apenas vê esse aspecto "são pessoas que só estão atentas à mediatização de outros candidatos que não estão nos Republicanos (...) quem unicamente tende a ver uma primária através de um prisma 'zemmouriano' não está a ver todo o conteúdo que Michel Barnier pôs em cima da mesa, que Valérie Pécresse põe em cima da mesa". O eleito local concede que "é verdade que está na moda estar a tentar ir atrás dos candidatos de extrema-direita", contudo realça que "o objectivo viu-se, é que há propostas".

Por outro lado, ao comentar a forte mediatização de que beneficiou Eric Zemmour antes mesmo de anunciar na passada terça-feira a sua candidatura às presidenciais, o líder da CIVICA diz achar que "os órgãos de comunicação social é que estão a fazer campanha de Zemmour". Ao recordar que "estamos em plena pandemia, estamos ainda a enfrentar o aumento dos casos", Paulo Marques sublinha que "as pessoas estão preocupadas com o sistema de saúde, a realidade e as respostas a esta pandemia" e considera que "que se vai ver muito rapidamente que Eric Zemmour tem uma capacidade clara de falar de imigração e de opor as pessoas, no entanto há algo que ele nunca menciona que é a vida real".

Quanto à candidatura do Presidente Macron a um segundo mandato que ainda não deu nenhum indício sobre as suas intenções, o vice-autarca de Aulnay-sous-Bois explica que "as declarações dos presidentes cessantes são sempre muito mais tarde porque se ele tivesse que declarar hoje a sua candidatura, todos os eventos onde ele iria teriam de entrar nas contas de campanha (...) é por isso que ele vai proclamar a sua candidatura no momento mais apropriado, um pouco mais próximo do momento das eleições e do momento obrigatório para fazer campanha".

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