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Saúde psicológica: quem tratar quando não se pode chegar a todos?

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Os psicólogos preocupam-se quanto aos efeitos inevitáveis da pandemia. As medidas restritivas tomadas para combater a Covid-19 agravaram a ansiedade, distúrbios do sono ou quadros depressivos.

ONU alerta para risco de crise de saúde psicológica com pandemia.
ONU alerta para risco de crise de saúde psicológica com pandemia. REUTERS - GONZALO FUENTES
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A 11 de Março de 2020, a Organização Mundial de Saúde declarava a pandemia e exigia respostas “urgentes” aos países. Passado um ano, a doença omnipresente continua a fazer vítimas, as taxas de desemprego aumentam, fomos forçados a mudar os nossos hábitos diários.

No início da pandemia, os psicólogos manifestaram imediatamente preocupação com "os efeitos profundos e negativos do confinamento", sublinha Edite Queiroz, colaboradora da Ordem dos Psicólogos Portugueses.

"As dificuldades financeiras com despedimentos e lay-off criaram preocupação e ansiedade. Somando ainda uma crise de desinformação, que também teve o seu impacto nos níveis de ansiedade, de perturbações de sono, de exaustão emocional", acrescenta.

Somaram-se transtornos psicológicos associados à perda de um ente querido, o medo de ser infectado ou de infectar as pessoas ao seu redor e a escassez de relações sociais, promoveram um aumento da ansiedade, depressão, problemas de sono ou stress.

"Um em cada cinco portugueses tem um problema de saúde psicológica. Portugal é o segundo país da Europa com uma prevalência mais elevada de problemas de saúde psicológica", descreve a colaboradora da Ordem dos Psicólogos Portugueses.

A oferta pública de ajuda psicológica é ainda insuficiente, tendo em conta a crescente procura de apoio psicológico. Portugal tem hoje cerca de 24.000 psicólogos, 1.000 trabalham no Serviço Nacional de Saúde e apenas 250 nos Cuidados de Saúde Primários, alerta Edite Queiroz.

O consumo de ansiolíticos disparou no último ano cerca de 30% em Portugal, reflectindo um agravamento do estado da saúde psicológica dos portugueses.

As consequências para a saúde e a economia da epidemia são visíveis, mas esta crise também tem repercussões psicológicas. Mais difíceis de demonstrar, mas não menos importantes, essas consequências na saúde psicológica preocupam cada vez mais os profissionais.

A investigação “Saúde Mental em Tempos de Pandemia" do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, revela que cerca de 25% dos participantes apresentavam sintomas moderados a graves de ansiedade, depressão e stress pós-traumático, números que se aproximam de estudos a nível mundial.

Cuidar e procurar ajuda para proteger a nossa saúde psicológica serão pilares fundamentais para lutar contra a fadiga da pandemia.

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