Suspensão da vacina da AstraZeneca: "uma decisão mais política do que técnica"
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Ouvir - 14:23
Depois de vários países, nomeadamente ontem a França e Portugal, terem decidido suspender a utilização da vacina da AstraZeneca, na sequência do surgimento de possíveis efeitos secundários graves, como coágulos sanguíneos e tromboses, em algumas pessoas acabadas de serem vacinadas, este fármaco está a ser reavaliado tanto pela OMS como pela Agencia Europeia do Medicamento.
Numa curta declaração, esta ultima entidade que deve dar o seu parecer sobre a vacina nesta quinta-feira, ainda hoje tornou a afirmar que as vantagens da AstraZeneca se sobrepõem aos seus inconvenientes.
Contudo, e para já, as campanhas de vacinação que a nível europeu já estavam a conhecer atrasos, estão a levar um sério travão, lamenta Pedro Caetano, director sénior numa multinacional farmacêutica sediada em Oxford.
Ao referir-se ao surgimento de efeitos indesejáveis em algumas pessoas que tomaram a vacina da AstraZeneca, o cientista explica que não foi até ao momento estabelecido um elo directo entre a vacina e esses potenciais efeitos. "Seria necessário comprovar que o número de casos nos 17 milhões de pessoas que tomaram a vacina é superior ao número de casos nas 17 milhões que não tomaram a vacina", refere Pedro Caetano.
Para o cientista, a decisão de suspender temporariamente a utilização da vacina da AstraZeneca invocando o princípio de precaução, foi essencialmente política. "Neste caso, a cautela é prejudicial à saúde pública porque vai privar pessoas de tomar a vacina e essas pessoas podem morrer se não tomarem a vacina", considera Pedro Caetano para quem esta série de suspensões visa servir de pretexto para os atrasos registados na campanha de vacinação a nível europeu, uma situação que qualifica de "falhanço quase colossal da União Europeia".
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