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Activista denuncia “operação de charme político”

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Esta quinta-feira, o Presidente angolano, João Lourenço, recebeu representantes da juventude, num encontro que começou com um minuto de silêncio em memória de Inocêncio de Matos. Ainda antes de receber o convite, o activista Nuno Dala decidiu não ir à reunião por considerar que se trata de uma “operação de charme político” e avisa que os protestos vão continuar.

Presidente de Angola, João Lourenço, durante um encontro com representantes dos jovens em Luanda, Angola. 26 de Novembro de 2020.
Presidente de Angola, João Lourenço, durante um encontro com representantes dos jovens em Luanda, Angola. 26 de Novembro de 2020. © LUSA - AMPE ROGÉRIO
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O Presidente angolano, João Lourenço, recebeu hoje representantes da juventude, num encontro que começou com um minuto de silêncio em memória de Inocêncio de Matos, que morreu na sequência da manifestação de 11 de Novembro. 

João Lourenço explicou que os protestos são um direito protegido pela Constituição, mas que esse direito está limitado para impedir a propagação da pandemia de Covid-19. 

Ainda antes de receber o convite para o encontro, o activista Nuno Dala decidiu não ir ao encontro por considerar que se trata de uma “operação de charme político” perante a pressão interna e internacional face à violência policial contra os manifestantes a 24 de Outubro e a 11 de Novembro. Em entrevista à RFI, o investigador enumerou as razões que o fizeram declinar o convite.

"A primeira é que não se dialoga com um tirano. Nós temos em Angola um novo tirano que é o Presidente actual. A segunda razão é que a minha luta é muito clara: a incompetência do MPLA tem 45 anos e o alegado diálogo com a juventude não passa de uma manobra de diversão, de uma operação de charme político que não terá consequências práticas depois da sua realização. Tem depois uma outra razão que sustenta a minha posição no sentido de que o Presidente da República manteve-se em silêncio tumular diante de regressões e mortes ocorridas nas manifestações de 24 de Outubro e 11 de Novembro. Além disso, neste momento, o cadáver do jovem Inocêncio de Matos, assassinado pela polícia nacional a 11 de Novembro está supostamente a ser autopsiado.Já decorrem 15 dias desde que ele morreu e o funeral continua praticamente indefinido e isto não por culpa da família mas por causa das artimanhas do sistema", explicou.

Nuno Dala viu o encontro em directo na televisão e seguiu os comentários nas redes sociais, concluindo que "o evento não passou de uma montanha que pariu um rato". O activista avisa que os protestos vão continuar e que o Presidente angolano deve cumprir as promessas que fez ou abandonar o poder.

"As manifestações vão continuar e vão ser realizadas ininterruptamente até finais de 2021 e há até a perspectiva de o cronograma ser alterado para que as manifestações sejam contínuas até 2022, ou seja, até pouco antes das eleições", afirmou Nuno Dala.

As manifestações têm como objectivos principais: "Primeiro que o Presidente cumpra com as promessas estabelecidas na campanha e as cumpra já, como os 500 mil empregos para a juventude, a implementação das autarquias. Se o Presidente e se o Governo não estão direccionados para cumprir com essas promessas nesse período que ainda têm até 2022, ele deve colocar o cargo à disposição."

Até porque - considerou - "o estado de graça" de João Lourenço terminou em finais de 2018. "Desde Setembro, Outubro de 2018, nós temos estado a notar claramente a manifestação da verdadeira face do Presidente actual. No primeiro ano houve sim aberturas, as manifestações não eram reprimidas (...) Pouco depois de o João Lourenço fazer um ano e meio na presidência, a situação mudou: não só começou a aplicar uma série de medidas políticas altamente questionáveis, como também as manifestações voltaram a ser reprimidas e, em alguns casos, com um nível de repressão até superior ao do período tristemente conhecido como o período Dos Santos."

 

 

 

 

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