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Ciência

Girafas regressam ao Parque Nacional do Iona após mais de um século de ausência

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Em Julho, o Parque Nacional do Iona, no Sul de Angola, voltou a ter girafas, após mais de 100 anos de ausência destes majestosos animais. A ocupação colonial e as guerras afastaram as girafas destas paragens e coube à organização African Parks, que gere o parque em parceria com o Governo de Angola, e à fundação Giraffe Conservation Foundation, trazê-las de volta ao seu habitat natural.

14 girafas chegaram em Julho ao Parque Nacional do Iona, em Angola, vindas da Namíbia.
14 girafas chegaram em Julho ao Parque Nacional do Iona, em Angola, vindas da Namíbia. © Giraffe Conservation Foundation
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No início de julho, 14 girafas partiram na Namíbia e fizeram uma viagem de 1.300 quilómetros até ao outro lado da fronteira, para chegar ao Parque Nacional do Iona. Pedro Monterroso, diretor do Parque Nacional do Iona, disse em entrevista à RFI que este era um regresso muito esperado após 100 anos de ausência desta espécie no Parque Nacional do Iona.

"O Parque Nacional do Iona não tinha girafas e a verdade é que não havia registos de girafas pelo menos nos últimos 100 anos, apesar de existerem zonas na Namíbia com habitats equivalentes e de o estudo de viabilidade que fizemos em parceria com a ONG Giraffe Conservation Foundation indicar que as condições do Parque do Iona era favorável. O motivo [para não haver girafas], porque não temos registos históricos não é claro, mas podemos suspeitar que tem a ver com a intervenção humano durante a época colonial", explicou Pedro Monterroso, que durante mais de 20 anos estudou os grandes mamíferos na  Universidade do Porto.

O Parque Nacional do Iona tem embondeiros, uma árvore emblemática em Angola.
O Parque Nacional do Iona tem embondeiros, uma árvore emblemática em Angola. © Wikicommons

O Parque Nacional do Iona foi estabelecido ainda quando Angola era uma colónia portuguesa, em 1972, e abrange mais de 15 mil metros quadrados, contando com algumas das dunas mais antigas do Mundo, uma parte de costa Atlântica e áreas montanhosas. Entre os animais que já existem neste parque, contam-se leopardos, chitas ou zebras, e a nível de flora, existe neste parque uma das plantas mais antigas do Mundo, a Welwitschia mirabilis.

Desde o início de 2020 que o Iona está a ser gerido pela African Parks, uma organização não-governamental sem fins lucrativos que dirige 17 parques naturais em 11 países diferentes, em parceria com o Governo angolano. 

A integração destas girafas no parque, é para Pedro Monterroso essencial já que actuam como "engenheiras do ecossistema"

"As girafas, como outros grandes mamíferos como os rinocerontes ou os elefantes, são considerados como engenheiros do ecossistema, isto porque desempenham funções que ajudam a estruturar a paisagem, à dispersão de sementes com as actividades que desenvolvem não só de herbivoria, mas também nas passagens, com os trilhos que fazem, ajudam a disseminar sementes e restabelecer certos processos biológicos", explicou.

As girafas chegaram ao Iona no início do mês de Julho.
As girafas chegaram ao Iona no início do mês de Julho. © Giraffe Conservation Foundation

Desde a sua chegada, há cerca de dois meses, três das 14 girafas faleceram, certamente devido ao stress da viagem, algo comum no transporte terrestre dos grandes mamíferos como referiu o director do parque, mas as 11 restantes estão de boa saúde.

"Ainda ontem verificámos um grupo de quatro, elas estão bem. São monitorizadas com muita regularidade. Até ao momento tivemos a infelicidade de perder três, mas as restantes 11 estão em boas condições, são avistadas regularmente. Estão a adaptar-se a explorar a nova casa e está tudo a correr na normalidade", afirmou Pedro Monterroso.

As girafas percorrem 1.300 quilometros com constante monitorização.
As girafas percorrem 1.300 quilometros com constante monitorização. © Giraffe Conservation Foundation

O Parque Nacional do Iona quer agora continuar a aumentar a população de girafas e fazer regressar mais espécies a este parque angolano, com o intuito de cooperar com outros parques no país.

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