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Ciência

Número de casos de cólera em Quelimane começa a diminuir após campanha de vacinação

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Após várias semanas de um surto de cólera que gerou mais de 11 mil casos confirmados na cidade de Quelimane, o número de casos diários começou a diminuir nesta cidade fortemente afectada pelo ciclone Freddy, segundo relatou Cristina Graziani, coordenadora de emergência da organizaçaõ Médicos Sem Fronteiras, que está a actuar na região.

O número de novos casos de cólera em Quelimane está a diminuir, após terem sido diagnosticados mais de 11 mil casos na maior cidade da Zambézia.
O número de novos casos de cólera em Quelimane está a diminuir, após terem sido diagnosticados mais de 11 mil casos na maior cidade da Zambézia. AP - Tom Gould
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Após mais de 11 mil casos confirmados de cólera em Quelimane, o número diário de novos casos está a diminuir graças a uma forte campanha de informação e de vacinação nesta cidade da Zambézia, devastada recentemente pelo ciclone Freddy.

"Felizmente, podemos dizer que a situação está a melhorar após a campanha de vacinação e muito trabalho nas comunidades, quer seja na promoção de cuidados de saúde, quer seja com o controlo dos casos de cólera nos centro de atendimento da cidade. O número de pacientes está a diminuir e no nosso centro de atendimento, o afluxo de pacientes está a diminuir", afirmou Cristina Graziani, coordenadora de emergência dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), em entrevista à RFI.

O surto de cólera em Quelimane foi declarado há cerca de um mês, após a passagem devastadora do ciclone Freddy que causou inundações e destruição de infra-estruturas essenciais desta cidade, nomeadamente o saneamento das águas. 

Para a redução do números de casos tem contribuído a campanha de vacinação, que abrange cerca de 410 mil pessoas, mas também as campanhas de informação nas rádios locais e a distribuição de folhetos que incita a população a procurar os centros de saúde a partir dos primeiros sintomas, como vómitos e diarreia.

"A vacinação é um passo muito importante e outro passo importante é a questão da promoção da higiene feita em conjunto pelo MSF e outros parceiros humanitários, juntamente com as autoridades da Saúde, para informar a população do que tem de ser feito em casa para reduzir o risco de contaminação como ferver água, desinfectar, limpar bem, fechar as latrinas, todas as medidas de protecção para limitar o contágio", descreveu Cristina Graziani.

Esta responsável da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras disse ainda que a redução de casos se deve ao empenho dos profissionais de saúde moçambicanos e dos funcionários das autoridades locais que mesmo eles próprios tendo sido afectados pelos estragos provocados pelo ciclone Freddy, não deixaram de combater o surto de cólera.

"Gostaria de agradecer a todos os profissionais de saúde, todos, desde quem trabalha nos centros até à desinfecção, pelo grande compromisso que eu encontrei. São pessoas que trabalham muitas horas, pessoas que perderam as suas casas, que não têm água e que eles estão cansados, mas que trabalham muitas horas com muita seriedade. É um experiência muito forte, tanto na província de Niassa, como agora na Zambézia", indicou.

Antes de vir para Quelimane, Cristina Graziani esteve em Niassa onde o surto de cólera também já abrandou. Graziani lembra que desde que os pacientes acorram desde os primeiros sintomas aos centro de saúde e centro de tratamento de cólera, há uma grande possibilidade de cura.

Actualmente a cólera está presente em 11 países africanos - Malawí, Moçambique, Somália, Quénia, Etiópia, Zâmbia, Sudão do Sul, Burundi, Tanzânia, Zimbabwe e África do Sul -, atingindo 28 milhões de pessoas, uma situação que preocupa os Médicos Sem Fronteiras.

"No que diz respeito ao Malawi, há muitos meses que a situação está por resolver e isto é um problema porque as fronteiras são muito permeáveis e há um grande movimento de pessoas e de mercadorias. É um trabalho que envolve mais do que um país e é um trabalho necessário para uma vigilância activa e passiva que resolva o problemas das fronteiras. Esperamos que os governos concordem numa estratégia de monitorização das fronteiras e passagem de pessoas nestas alturas de época chuvosas que trazem sempre doenças diarreicas", concluiu Cristina Graziani.

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