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Ciência

Geração de energia através da fusão nuclear em laboratório é "feito histórico"

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Em dezembro de 2022, a secretária da Energia dos Estados Unidos da América, Jennifer Granholm anunciou ao Mundo que pela primeira vez na História, o laboratório National Ignition Facility, na Califórnia, tinha conseguido criar através da fusão nuclear mais energia do que aquela que tinha sido gasta na experiência. Um "feito histórico", segundo  Bruno Soares Gonçalves, presidente do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do Instituto Técnico de Lisboa, relatou aos microfones da RFI.

Técnicos verificam experiência de fusão nuclear no National Ignition Facility, em Livermore, na Califórnia.
Técnicos verificam experiência de fusão nuclear no National Ignition Facility, em Livermore, na Califórnia. © National Ignition Facility
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A responsável norte-americana chamou mesmo a esta experiência “um dos mais impressionantes feitos científicos do século XXI”, podendo dar origem a uma revolução energética, já que ao contrário da energia nuclear usada actualmente, não há dejectos radio-activos e os combustíveis necessários para a produção também não são poluentes e são usados em muito pequenas quantidades.

Este é efectivamente “um resultado histórico”, segundo Bruno Soares Gonçalves, presidente do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear, do Instituto Técnico de Lisboa, disse em entrevista à RFI, mas não significa que num futuro próximo esta fonte de energia venha a substituir o que existe actualmente já que envolve ainda muita investigação.

"Conseguiram obter um resultado histórico, porque obtiveram mais energia do que aquela que incidiu no combustível, ou seja, foi conseguida fusão nuclear com um ganho superior à energia gasta. É a primeira vez que tal é conseguido e é um resultado bastante importante na área da fusão nuclear. Não significa, no entanto, que tenhamos máquinas de fusão nuclear a produzir electricidade depois de amanhã, mas significa que estamos no bom caminho", declarou o investigador.

A fusão nuclear é a energia das estrelas, por exemplo do nosso Sol, e consiste em juntar nucleos de átomos leves, especificamente entre dois isótopos do hidrogénio, o deutério e trítio, que libertam muita energia, sendo que o objectivo é transformar esta reacção em electricidade - para saber mais sobre este processo, leia aqui a obra de Bruno Soares Gonçalves.

Se ainda não tínhamos tido uma reacção deste género, é porque, segundo o investigador português, este é um processo "complexo" em termos de engenharia e do ponto de vista dos materiais. Estamos agora "no bom caminho", sendo que a energia nuclear de que dispomos actualmente, proveniente da fissão nuclear teve um enorme avanço na II Guerra Mundial devido à bomba atómica.

Devem agora continuar os esforços para uma energia mais limpa com os meios que dispomos actualmente, já que o horizonte para começar a testar a fusão nuclear se alarga até 2040 ou mesmo mais tarde, sendo que as alterações climáticas não podem esperar até lá, mesmo se esta é a energia mais limpa que poderemos vir a dispor.

"Tem havido muitas notícias a apontar que a fusão nuclear é a solução para a transição energética e não vai ser. Não será nos próximos 10 anos, a menos que haja uma avanço muito significativo, que teremos um reactor na rede. A fusão nuclear não vai ajudar à transição energética entre agora e 2050, mas espera-se que em meados de 2040 ou de 2050, comecem a aparecer reactores de energia de fusão nuclear na rede", explicou Bruno Soares Gonçalves.

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