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Ciência

Cabo Verde já tem agricultura com “menos 90% de água e de terra”

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Hélder Silva introduziu em Cabo Verde a aeroponia, uma técnica de plantação na vertical, em torres, que utiliza menos 90% de água e de terra. O seu objectivo é vender esta tecnologia e tornar o arquipélago autónomo em termos de produção agrícola.

Hélder Silva na sua quinta em Cabo Verde. Janeiro de 2023.
Hélder Silva na sua quinta em Cabo Verde. Janeiro de 2023. LUSA - ELTON MONTEIRO
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Foi durante a pandemia que um acaso, na internet, levou Hélder Silva a deparar-se com a aeroponia, uma técnica agrícola que viu então como “petróleo ou ouro para Cabo Verde”.

“Li agricultura com menos 90% de água e 90% de solo. Fiquei tão eufórico que disse que isto é petróleo ou ouro para Cabo Verde! É precisamente o que nós não temos !”, explicou à RFI o agora representante em Cabo Verde e em África de uma empresa de aeroponia americana.

Aos 48 anos, e mais conhecido como músico [Havy H], Hélder Silva apostou na aeroponia e quer vender a tecnologia no arquipélago para o tornar autónomo das importações agrícolas. Apesar de alguma dificuldade inicial para arranjar financiamento em Cabo Verde, que chegou através de um aval do Estado para crédito num banco comercial, conseguiu implementar a aeroponia numa quinta de 1.000 metros quadrados, em São Francisco, uma aldeia a sudeste da cidade da Praia, na ilha de Santiago.

A primeira plantação na quinta Afroponic Purahvida aconteceu a 2 de Outubro de 2022. Desde então, Hélder Silva vai na terceira plantação e colheu um pouco de tudo, desde pepino, quiabo, alfaces, beterraba, brócolos, mostarda, flores, ervas aromáticas, malaguetas, salsa, coentros e couves. Ou seja, uma produção três vezes mais rápida do que o normal e sem utilização de agrotóxicos, explica.

“A tecnologia é essa: as plantas estão com as raízes em contacto com o oxigénio na vertical, ganhando espaço por estar na vertical : por exemplo, onde crescem duas alfaces no chão, em cada torre – a minha é de 2,10 metros – produzo 36, mas as torres podem ir até três metros com 52 buracos cada uma”, acrescenta.

Hélder Silva também louva “um consumo energético mínimo” na agroponia. Na sua quinta, tem seis painéis solares e são eles que alimentam as bombas de 35 watts presentes em cada torre e que só regam três em cada 15 minutos, totalizando 12 minutos por hora e 4h08 por dia. “Numa quinta comercial como a minha, com 100 torres, são 3.500 watts”, resume.

Hélder Silva afiança que o seu objectivo não é vender os produtos em si, mas sim a tecnologia porque diz que “em dois meses Cabo Verde pode não ter que importar mais nenhum vegetal”. Além disso, ele sublinha que “é a agricultura mais simples” e “mais do que orgânica, não só pelo conteúdo, mas também por ser amiga do ambiente porque gasta menos 90% de água e não está a devastar os solos”. Produzir dentro do país também significa reduzir a poluição dos barcos e ter acesso a produtos mais frescos e supostamente mais baratos.

Oiça a entrevista neste programa.

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