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Ciência

Cancro da mama mata pelo menos 3 mil mulheres por ano em Moçambique

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Está prestes a terminar o mês de Outubro, o período em que -como todos os anos a nível mundial- se dá especial atenção à luta contra o cancro da mama. Moçambique tem registado anualmente uma média de 25 a 26 mil casos de cancro, um dos mais frequentes sendo o cancro da mama. De acordo com dados oficiais, são diagnosticados por ano cerca de 5 mil cancros da mama no país, 3 mil desses casos sendo letais.

De acordo com dados oficiais, são diagnosticados por ano cerca de 5 mil cancros da mama em Moçambique, 3 mil desses casos sendo letais.
De acordo com dados oficiais, são diagnosticados por ano cerca de 5 mil cancros da mama em Moçambique, 3 mil desses casos sendo letais. © outubrorosamz
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A associação moçambicana 'Outubro Rosa' é uma das organizações que lutam a nível nacional para sensibilizar as comunidades, prevenir a doença e também apoiar as pacientes em tratamento. Ao evocar as dificuldades inerentes à prevenção e ao acompanhamento médico, Leia Liquidão, presidente desta organização, começa por recordar os sintomas que devem despertar a atenção das mulheres e levá-las a consultar.

"O conhecer o nosso corpo, quando se trata de cancro da mama, é necessário conhecer a zona das nossas mamas, a zona das axilas, a zona da clavícula, e vermos se há alguma coisa diferente, seja no tamanho, seja na textura da pele, seja no formato do mamilo, como está apresentado, mas acima de tudo, o que é o maior sinal que é a presença ou não de um nódulo", refere a activista social especificando que esta doença diz respeito a todas as mulheres. "Antigamente, até se falava que era uma doença para mulheres um bocadinho mais velhas, mais adultas, mas infelizmente em Moçambique estamos a ter registo de adolescentes que são diagnosticadas com cancro da mama. Qualquer mulher que já esteja com o seu período menstrual, deve ter esta atenção, deve ser ensinada a fazer o auto-exame", recomenda.

Questionada sobre as dificuldades encontradas pelas organizações que lutam contra o cancro da mama, Leia Liquidão refere que "existe uma necessidade urgente de nós, associações ligadas à saúde, haver esta unidade em levar esta mensagem mais longe possível, para os distritos mais recônditos que não têm acesso às informação no geral", a presidente de 'Outubro Rosa' mencionando, por outro lado, barreiras culturais que impedem as mulheres de receberem um diagnóstico. "Quando uma mulher vai fazer o rastreio numa unidade sanitária, vai ter que ser feito o toque e o toque é a palpação da mama. Nós temos várias zonas aqui em Moçambique onde a cultura não permite que um outro homem faça isso. Então, por esta barreira cultural, a mulher pode -mesmo tendo sintomas- não se dirigir à unidade sanitária" lamenta a activista que no entanto não deixa de sublinhar que "não são somente homens que fazem esse exame, há mulheres que podem fazê-lo".

Relativamente ao acesso aos tratamentos contra o cancro da mama, Leia Liquidão dá conta de uma cobertura sanitária deficiente. "O tratamento é feito nos hospitais centrais. Na zona sul, é o hospital central de Maputo. Na zona centro, é o hospital central da Beira e na zona norte, é o hospital central de Nampula. Não temos ainda muitas unidades sanitárias devidamente preparadas para tratar com efectividade os casos de cancro da mama", constata a líder associativa para quem é necessário o governo precisa informar mais sobre as suas acções e também aumentar o acesso aos tratamentos. "O governo criou um programa em quase todas as unidades sanitárias a nível do país, mas acredito que o governo pode tornar ainda mais público a existência deste programa. Pode tornar mais acessíveis os serviços de tratamento do cancro da mama nas outras províncias. O governo pode juntar ainda mais associações que trabalham com esta causa por forma a tornar a actividade das associações mais acessível, mais abrangente e a gente poder levar esta mensagem de prevenção, de diagnóstico precoce a um maior número de pessoas, um maior número de distritos possível", conclui Leia Liquidão.

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