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Ciência

Liderança científica da Europa na matéria e energia escuras ameaçada pela guerra na Ucrânia

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A missão Euclid, que visa mapear o Universo de forma a descobrir as propriedades da matéria e energia escuras, vai ser adiada pelo menos um ano devido à guerra na Rússia, já que apesar de tudo estar pronto para o lançamento deste telescópio de infra-vermelhos, com o fim dos protocolos com Moscovo, não há lançadores disponíveis para levar este dispositivo até ao Espaço, como relatou o investigador António da Silva, em entrevista à RFI.

O satélite Euclid deveria ser lançado ainda este ano, mas devido à falta de lançadores russos como consequência da guerra na Ucrânia, a missão deverá ser adiada durante um ano.
O satélite Euclid deveria ser lançado ainda este ano, mas devido à falta de lançadores russos como consequência da guerra na Ucrânia, a missão deverá ser adiada durante um ano. © ESA
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"A missão está praticamente pronta e íamos lançar daqui a um ano. Entretanto o que acontece é que com a guerra da Ucrânia houve a quebra deste protocolo que existia entre a ESA e a Roscosmos, esquivalente russa. Não temos esses lançadores e a Euclid, como é uma missão do programa científico da ESA, na prioridade de lançamento é a primeira missão que não vai ser possível lançar e vai ter imensos atrasos", explicou António da Silva, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Este investigador português é membro da direção do consórcio da missão Euclid, cujo satélite devia ser lançado entre 2022 ou 2023 e agora vê a sua partida para o espaço adiada um ano devido à quabra de procolos entre a União Europeia e a Rússia, após a invasão russa da Ucrânia.

Este atraso tem impacto nos mais de 1.500 cientistas que em vários países estão envolvidos nesta missão, que deverá durar cerca de seis anos, mas também para a Europa como líder na exploração da matéria e energia escuras.

"A situação é complexa e tem dimensões a nível do consórcio. A missão, estando pronta, não temos possibilidade de a lançar sem grande atrasos, traz problemas anível da motivação dos cientistas, com cerca de 1.5000 cientistas envolvidos e, no fundo trata-se de uma questão de liderança científica nesta área", detalhou.

Saber mais sobre a matéria e energia escuras significa compreender melhor a dinâmica do universo. Este é um domínio que resta desconhecido para os cientistas. 

"Actualmente, quer a matéria escura, quer a energia escura são duas grandes incógnitas na área da física fundamental, não sabemos a sua origem. A energia escura é aquilo que faz o Universo expandir de forma acelerada", detalhou o investigador.

Quanto à matéria escura, é ela que permite a configuração das galáxias.

"A matéria escura tem sido uma grande incógnita. A matéria escura é algo que tem massa, a energia tem uma massa, mas é algo que não é da mesma natureza. Na nossa galáxia vemos as estrelas, a dinâmica dessas estrelas requer a existência de matéria escura para compreendermos como elas se movem", concluiu.

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