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Ciência

Cientistas portugueses descobrem forma de reduzir gordura visceral nos humanos

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Uma equipa de cientistas portugueses, do centro Champalimaud, descobriu interações neuroimunes capazes de queimarem a gordura visceral que os seres humanos acumulam perto de órgãos vitais como, por exemplo, o coração ou o fígado.

Henrique Veiga Fernandes, director da Champalimaud Research.
Henrique Veiga Fernandes, director da Champalimaud Research. © Henrique Veiga Fernandes
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Esta nova descoberta abre caminho para o combate de doenças como a obesidade, diabetes ou até vários tipos de cancro.

Henrique Veiga Fernandes, investigador, diretor da Champalimaud Research e um dos autores do estudo pioneiro que foi publicado na revista Nature, começou por explicar-nos o que foi descoberto concretamente.

"O que nós descobrimos é que a gordura visceral, que é aquela gordura que em cada um de nós se acumula na cavidade abdominal, na barriga, que apesar de parecer muito uniforme, na realidade é muito complexa e inclui, para além de células de gordura, células do sistema nervoso e do sistema imunitário", começou por explicar o cientista.

Henrique Veiga Fernandes e a sua equipa fizeram uma descoberta inédita para a ciência: "O que nós descobrimos na realidade foi que para controlar a gordura que está na nossa cavidade abdominal, a dita gordura visceral, é preciso que o sistema nervoso e as células do sistema imunitário, nessa mesma gordura, colaborem entre si para que o nosso corpo consiga queimar essa gordura".

Esta gordura é bastante problemática do ponto de vista de saúde pública pois, segundo o cientista, "está altamente associada com o desenvolvimento de 13 tipos distintos de cancro, incluindo dois que são bastante prevalentes na Europa, nomeadamente, o cancro da mama e o cancro colorretal, mas estão também na origem de doenças cardiovasculares que são uma das principais causas de morte no mundo".

A gordura visceral está também associada à predisposição para o desenvolvimento de diabetes do tipo 2, que começa com a resistência à insulina.

"Esta é uma nova forma de controlar a gordura que se acumula nas nossas barrigas e, portanto, isto abre novos horizontes muito importantes para novas formas de intervenções terapêuticas em situações de obesidade", complementou o investigador.

Estas novas descobertas na área científica foram o motor para a criação da LiMM Therapeutics, uma startup do Centro Champalimaud, que vai dar seguimento a estas pesquisas.

"Ao longo do tempo, as várias descobertas que temos vindo a fazer, levaram-nos a criar uma startup, que explora justamente este diálogo entre o sistema nervoso e o sistema imunitário em várias indicações médicas. Uma delas é a obesidade e as doenças metabólicas", salientou.

Neste momento, estão a ser criadas formulações para "novos medicamentos que possam ser utilizados para o tratamento de distúrbios metabólicos e obesidade".

Henrique Veiga Fernandes referiu que, no futuro, quer continuar a estudar "esta relação entre o sistema nervoso e o sistema imunitário".

"Neste momento, o que estamos a explorar, de forma intensa, é justamente este diálogo entre o sistema nervoso e o sistema imunitário no contexto da doença oncológica - do cancro. Como é que poderemos utilizar estas informações e o papel de cada um destes sistemas para melhor compreender os diferentes tipos de cancro e para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas, tendo como objectivo último, obviamente, a cura do cancro", rematou.

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