Níger rompe acordo de cooperação com Washington

O Níger rompeu, 16 de Março à noite, o acordo de cooperação militar com os Estados Unidos, assinado em 2012. O porta-voz do Governo, Amadou Abdramane denunciou esta cooperação como "injusta", na sequência da visita de uma delegação norte-americana a Niamey.

Amadou Abdramane (segundo à direita), do Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), acolhido por apoiantes no estádio Seyni Kountché, em Niamey, a 6 de Agosto de 2023. AFP - -

Segundo o porta-voz do Governo do Níger, Amadou Abdramane, o acordo de cooperação em questão, assinado em 2012 com os Estados Unidos, seria uma "simples nota verbal", "unilateralmente imposta" por Washington. 

O documento obrigaria o Níger a pagar contas relacionadas com taxas sobre os aviões americanos, segundo Abdramane, que se queixa por outro lado de não ter acesso a nenhuma informação sobre as operações americanas no território nigerino.  

Na televisão nacional, o governante alegou que esta cooperação, "injusta" e "unilateralmente imposta por Washington", não corresponde "às expectativas" do povo nigerino. 

A presença americana no território da República do Niger é ilegal e viola todas as regras constitucionais e democráticas. Assim, é com uma simples nota verbal que os americanos impuseram unilateralmente ao Niger um acordo. Acordo que não só profundamente injusto no seu conteúdo como não responde às ambições e aos interesses do povo. O Governo do Niger lamenta que seja negado ao povo soberano o direito de escolher os seus parceiros enquanto que os Estados Unidos decidiram unilateralmente suspender a cooperação entre os dois países. O Governo do Niger denuncia a atitude condescendente e a ameaça de represálias, esta atitude mancha a qualidade das nossas relações seculares. 

Esta decisão surge na sequência da visita, de terça-feira a quinta-feira, 14 de Março, de uma delegação americana a Niamey. Um encontro "sem respeito pelos usos diplomáticos", segundo Niamey. 

Abdramane relembrou que as parcerias com Moscovo e o Irão respeitavam o direito internacional, enquanto que, segundo ele, aviões americanas sobrevoariam ilegalmente o Niger desde várias semanas.